Quarentena no Chile, dia 12

Ontem, uma amiga querida estava de aniversário, a Fabíola. Ela é filha de pai chileno e mãe brasileira. Nos conhecemos aqui no Chile, e 2010, quando fizemos nosso curso de espanhol na Universidade do Chile.


Foi uma época tão gostosa... Lembrei das nossas farras e de como esse grupo de amigos que fiz naquele ano me ajudou a ter boas lembranças desse período. A gente não tinha que se preocupar com muita coisa além do nosso cursinho que era bem light.


Tínhamos aulas duas vezes por semana, somente na parte da manhã. Terminava a aula e a gente sempre saia para fazer algo divertido juntos. Fora isso, tinham as festas (carretes) no fim de semana ou dias de semana.


A Fabi trabalhou um tempo como bartender num bar super roqueiro aqui em Santiago. A menina com quem ela dividia casa teve um rolo com o dono do bar. Outra das nossas amigas, também teve um romance com um vocalista de uma banda de covers que tocava nesse mesmo bar.


Motivos pra gente sair não faltavam! E quando não tinha nenhum motivo, a gente inventava alguma coisa. Uma noite mexicana, de pizzas, enfim, o que fosse...


Essa vida mansa acabou para todas nós! Cada uma seguiu um rumo diferente. A Fabi voltou para o Brasil, casou, foi mãe, separou, mas continua sonhando em morar aqui no Chile algum dia, já que é o lugar do coração dela.


A Andrea acabou ficando no Chile depois que todas nós fomos embora. Ela conheceu um norte-americano e eles casaram! Hoje, ela tem dois filhos lindos e uma estável vida na terra do tio Sam. A Maureen voltou para os Estados Unidos, terminou a faculdade, fez um estágio em Honduras e agora está feliz namorando e trabalhando na cidade natal dela. 


Todas elas são mais novas que eu. Sempre saliento que tirei meu ano sabático depois dos 30, mas não me arrependo. Acho que foi uma excelente escolha e quando voltei, tinha uma enorme bagagem por causa dessa experiência no exterior.


Hoje em dia vejo muita gente (especialmente influenciadores) dando dicas de como viver viajando e trabalhando. Mostrando como é atrativo ter uma vida sem amarras, curtindo e recebendo um salário para isso.


Na minha humilde opinião, essa é uma escolha que te define para o resto da vida. Nada contra quem decide viver como um nômade, mas saiba que essa escolha tem consequências. É muito provável que você nunca compre uma casa, nem mesmo um trailer!


Você vai conhecer muita gente e novos lugares, mas dificilmente terá tempo para formar a sua própria família. Ter filhos, vê-los crescer, participar de todas as etapas das vidas deles... Não que seja impossível, mas as contas não fecham.


O senhor tempo é implacável, bem como nosso sistema capitalista que exige pagamento em dinheiro para realizar seus sonhos nesse mundo. Super recomendo um ano sabático, um tempo para viajar, botar o pé na estrada, seja lá em qual momento da sua vida você escolher.


Considere que a pandemia também afetou totalmente nossos planos, especialmente, de quem queria morar em outro país, ou apenas viajar por aí sem rumo. Existem muitas exigências sanitárias atualmente que precisam ser pensadas antes de decidir viajar por aí sem rumo.


Eu mesma sempre penso que se abrisse mão da minha vida no Chile, teria de planejar muito bem para poder voltar ao Brasil e mesmo assim não sei se teria energia para recomeçar tudo de novo.


Cansa, bastante, especialmente quando você tem filhos. Portanto, se você gostaria de morar no Chile, ou simplesmente fora do Brasil, pense bem antes de dar esse passo. Não caia do canto da sereia porque em outro país tudo é imensamente muito mais difícil.


Acredite: chega um momento em que você quer mais do que planejar a próxima festa, a próxima viagem, a próxima aventura... e não tem nada de errado com isso. Lembre-se de que até o mesmo o mais radical do aventureiros, como Christopher McCandless, tem vontade de estar em casa, junto da família para compartilhar momentos de felicidade. 

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