Quarentena no Chile, dia 24

Amanhã, a partir das cinco horas da manhã, saímos da quarentena total em alguns bairros de Santiago e em algumas localidades da região metropolitana. Foram mais de 20 dias sem poder sair de casa e não sabemos se efetivamente terá algum efeito esses dias em trancados dentro de casa.


Assim como no Brasil, os casos de Covid19 no Chile dispararam e também chegaram as novas variantes do Brasil, do Reino Unido e de outros países. A população mais jovem foi a que mais se contagiou e lotou as UTIs dos hospitais. O sistema colapsou. 


Ainda tenho muito medo e não me sinto segura. O que mais temos com essas quarentenas restritas é que logo depois o povo fica em polvorosa. Todo mundo quer retomar a vida que tinha antes do confinamento. O problema é que essa vida não existe mais...


Por exemplo, hoje mesmo o grupo de pais da escola d aminha filha já estava divulgando uma carta da direção informando que a partir da próxima segunda as aulas presenciais serão retomadas. Quem quiser, pode mandar os filhos, basta avisar a direção até quinta-feira. Na sexta, eles comunicam quem vai e quem espera, para respeitar o limite máximo de alunos por sala de aula. 


O colégio começou a funcionar no início de marco e a gente pode observar que eles têm protocolos. Mesmo assim fico com bastante receio especialmente porque ainda não tomei a vacina, nem a primeira, nem a segunda dose. O Cristian já tomou as duas doses. 


A Gabi já assimilou bastante os cuidados básicos, lavar as mãos, manter a distância segura, usar sempre máscara... mas tem sempre aquele medo. Muitas crianças se contagiaram nessa segunda onda da pandemia.


Ela é minha única filha, então, obviamente fico cagada de medo, acho que é perfeitamente normal. Ao mesmo tempo sei que ela sente falta de estar com seus pares, de sair, de conviver com outras pessoas, de estar na escola, em outro ambiente...


Perguntei a ela se ela gostaria de ir e ela me disse que sim. Mandei a solicitação ao diretor e agra vamos aguardar para ver se ela vai nessa primeira semana de maio, ou se ainda não. Seja como for, estarei super ansiosa (como se eu naturalmente já não fosse).


São sentimentos super encontrados que pais e mães têm nessa pandemia. A gente quer botar os filhos debaixo da asa e agastá-los de qualquer perigo, mas também sabe que para o desenvolvimento saudável, ficar trancado dentro de um apartamento pode ser fatal. 


Não tem muito para onde correr. O negócio é ter precaução e acreditar que vai dar tudo certo, aconteça o que tiver que acontecer. De qualquer maneira, já me sinto mais segura pelo contexto escolar. A Gabi já conhece (mesmo que virtualmente) a professora e os colegas. 


Existe uma relação de respeito, amizade e confiança. Esse ambiente é super importante para que ela abrace os cuidados ainda mais quando estiver fora de casa. Talvez essa mudança seja boa pra gente sair da zona de conforto e encarar que, realmente, nossa vida mudou pra sempre. 


Seja como for, amanha via ser outro dia. E a gente já vai poder sair na rua e contemplar as ruas de Santiago repleta de folhas secas nesse outono que, até o momento, não conseguimos desbravar por estar dentro de casa. 

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