Quarentena no Chile, dia 10

Parece mentira, mas já levamos 10 dias de quarentena total aqui em Santiago e em toda a Região Metropolitana. É certo que já estamos mais acostumados esse ano que em 2021, mas ainda tem muitas coisas que continuam a incomodar.

Foto: Atoms (via Unsplash)

Por exemplo, a saídas das crianças na rua para brincar em pracinhas e parques ainda é um tema em aberto por aqui. Elas estão proibidas de sair, quer dizer, não existe nenhum tipo de autorização especial para que as crianças possam brincar ao ar livre.


O problema dessa restrição é que muitas crianças vivem em apartamentos e não tem um pátio pra brincar. Além disso, as que moram em edifícios também ficam restritas às normas da comunidade onde vivem. Muitos condomínios fecham as áreas comuns durante a quarentena total. 


No caso do nosso edifício, não fecharam, mas é um jardim com o estacionamento, sem nenhum atrativo para crianças, nem mesmo para os moradores. Ou seja, são lugares mais para contemplar que para curtir.


Faz muita falta para as crianças brincarem com verde, se sujarem na terra, se molharem pulando nas poças de água... Essa restrição para que os pequenos não possam sair, o que seria respeitar a ordem natural da vida, é muito frustrante para nós, pais.


Porque vemos que eles têm bastante trabalho com as aulas online e, para completar, não podem sequer sair um pouquinho na rua para desopilar, algo que é super necessário para todos durante as quarentenas. 


A gente percebe a fragilidade das medidas do governo chileno quando vê notícias como a autorização para que motéis funcionem normalmente durante a quarentena total, mas as crianças... essas não podem sair de jeito nenhum.


Quando era para pressionar pela volta às aulas presenciais, o Ministro da Educação e o da Economia também, foram para a televisão defender a decisão do governo e dizer que era porque os estudantes precisavam sair e retomar a vida social. Também alegavam que os pais em casa estavam sobrecarregados.


Um mês depois com as UTIs lotadas e a atenção em clínicas e hospitais comprometidas, os ministros desapareceram.  O da Educação nunca mais se pronunciou nos meios de comunicação. O da Economia foi substituído. 


O principal problema é a fala de critérios e com isso fica evidente que as medidas sempre priorizam a economia e não as pessoas. Isso é muito triste. Perceber que os governos não valorizam a vida do povo, dos trabalhadores, dos estudantes, das crianças... 


Um dos problemas alegados seria a falta de coordenação entre o ministério do esporte (que criou um horário especial para que as pessoas possam sair e fazer exercícios ao ar livre, com a abertura de parques, inclusive) e o da educação, já que as aulas online coincidem com esse horário.


É difícil acreditar que não haja diálogo dentro do próprio governo para resolver questões que afetam a vida das pessoas diariamente. O importante é que cidadãos, organizações sociais e até os meios de comunicação estão cientes do problema e têm cobrado do governo uma solução. 


Não é tarde para eles repensarem a decisão porque tudo indica que seguiremos em quarentena total até o fim de abril...

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