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Mostrando postagens de abril, 2010

Gata callejera

Quando era criança, uma das minhas canções favoritas do musical “Os saltimbancos” tinha o seguinte refrão: nós gatos já nascemos pobres, porém, já nascemos livres. Deve ser por isso que tenho tanto encanto pelos gatos. O jeito leve com que eles levam a vida, desprendidos de seus donos, seus lares... Estão sempre elegantemente parados em frente ao prato de comida, mesmo quando estão famintos. Aqui, no Chile, os cachorros de rua são muito comuns. Há milhares por onde quer que a gente ande. Mesmo assim, no edifício onde eu moro, aparecem alguns gatos de rua. Eu já tenho a minha gata callejera. Ela aparece quando quer. Faz festa quando me vê. Para mim, não importa que ela me reconheça pelo fato de ser eu quem lhe alimenta. Fico feliz pela festa que ela faz cada vez que me vê chegando. É uma gata branca, com manchas coloridas. Está sempre com o focinho sujo de graxa. Charmosa, dengosa, manhosa... Livre! Eu me sinto meio gata callejera também. Sem destino certo, sem dono, com fome de viver.

English-ilenos

Assim como s argentinos juram que são os italianos da América do Sul, os chilenos se crêem os verdadeiros ingleses do hemisfério sul. Eles usam muitas palavras em inglês e fazem questão de pronunciar da maneira correta. Nada de adaptar ao espanhol, como nós adoramos fazer em português. Os chilenos adoram chá. Não jantam, tomam o once. E sempre tem chá. São bem conversadores, reservados e sérios como a gente imagina os ingleses. Também bebem para caramba a exemplo dos filhos da rainha. A cerveja aqui tem o teor alcoólico maior do que no Brasil. Demorei para descobrir isso. Depois de algumas latinhas de cerveja e de ver tudo girando, foi que percebi! A formalidade também pode ser um resquício de quem admira a vida na monarquia. Tive a oportunidade de almoçar por duas vezes numa casa de família chilena em pleno domingo. A mesa era algo inacreditável! Tudo lindo, impecável, parecia editorial de revista de decoração. Pratos, copos, talheres, guardanapos, tudo em harmonia. Muito bom gosto! O

Amor, compraste pan?

Passei meses namorando a distancia. Por internet, msn, telefone. Quando o acesso era bloqueado, gmail. Trocávamos fotos, músicas e vídeos para alimentar esse amor com medo de que a distancia fizesse o sentimento desaparecer. Quando tive a oportunidade, não pensei duas vezes em vir para o Chile para poder ficar perto do meu amor. Tem certas coisas que para a maioria das pessoas é super banal, mas para quem passou oito meses sem ver seu amor, são essenciais. Na primeira semana, fomos a um bar tomar uma cerveja e quase não podíamos acreditar!!! Depois de tanto tempo, estávamos juntos outra vez. Dia desses, o amor ligou e perguntou: amor, compraste pan? Outro dia, estávamos tomando café da manha quando tocou uma canção do Jota Quest, Palavras de um futuro bom, a primeira música que ele me mandou. Amor se alimenta de amor, mesmo na distancia. A saudade é um ingrediente gostoso, mas que pode ser triste se as coisas não mudam. Continuo sem saber o rumo dessa história, mas por enquanto, estou

Piorei

Aquilo que parecia impossível, aconteceu. Piorei. Minha comunicação com o mundo externo já era fraca sem televisão durante os últimos anos em Brasília. No Chile, radicalizei. Não tenho televisão. Não tenho internet. Não tenho rádio. Quer dizer, mais ou menos. Acesso todos os dias a internet de lugares públicos e tenho rádio no meu celular. Assisto televisão na casa dos amigos, inclusive, já pude ver a novela da Globo aqui na casa de uma brasileira. Estou assistindo a um monte de filmes em DVD que comprei, ou que alguém me empresta. Ontem, vi um filme chileno, Mirageman. É tosco! Uma imitação barata de Kill Bill, mas boa para fazer rir. Me lembrou um pouco do Spectraman! Hoje, fui num lugar super bacana para acessar a internet, o Café Literário, em Providencia, na Plaza Itália. Fica no metro Baquedano. Basta chegar com seu noteboke, sentar e acessar ä rede wi-fi sem pagar um peso! Salve, salve! Além disso, o lugar tem um visual lindo, para o Parque, espaço para um café e uma biblioteca.

Gosto de meninos e meninas

Calma! Nao é uma grande revelacao do tipo saí do armário agora que estou morando fora do Brasil. Mas é verdade: gosto de meninos e meninas. Nao curto muito papo de mulherzinha. De vez em quando, até rola falar da cor do esmalte, de compras e outros babados. Sinto falta das minhas amigas: mulherzinhas inteligentes. Sempre que a gente falava desses assuntos tinha um toque de humor, de classe. Aqui, em Santiago, tenho conhecido pessoas super interessantes, de todo o mundo e estou aprendendo um pouco com cada uma delas. Pero hecho de menos mis amigos y amigas, meninos e meninas. Passei os últimos sete anos longe da família e me acostumei aos meus amigos. Agora, tem sido um novo aprendizado, fazer novos amigos - o que nao é muito difícil para mim - e conviver longe da família e... dos amigos. Em Brasília, fiz ótimas amizades e fortaleci algumas outras que ficaram no sul. Sinto saudades de todos, meninos e meninas. Da cerveja gelada, de falar de futebol, música, ou qualquer bobagem. Dos domi

Um mês em Santiago

O tempo passa e voa ainda mais rápido aqui em Santiago. Hoje, tem um mês que cheguei aqui. Posso dizer que estou me sentindo super bem hoje, melhor do que ontem. Já consigo me localizar pela cidade numa boa. Tenho amigos e me sinto em casa. Morro de saudades dos meus gatos, da minha família e dos meus amigos, nao nessa ordem, necessariamente. Ontem, finalmente, fiz a minha matrícula no curso de espanhol. As aulas estao super divertidas. Nos próximos dias recebo meu primeiro pagamento pelas traducoes que tenho feito. Também pago meu segundo aluguel daqui a alguns dias. Continuo procurando trabalho porque as traducoes ainda sao poucas... Acabei nao ficando na casa enorme, cheia de gatos e pessoas divertidas em Providencia. Em compensacao, nao saio de lá. Fiquei super amiga do Mariano, o dono da casa. Também conheci aqui a Michelle, uma nativa de Noronha, que é casada com um chileno e simpatizamos muito uma com a outra. Além disso, tenho os meus colegas do curso que sao muito queridos. Ju