Quarentena no Chile, dia 21

Hoje completamos 21 dias de quarentena total em Santiago, ou seja, três semanas já em casa. Diferente do ano passado, quando ainda não existia a vacina, dessa vez, eu saí algumas vezes com minha autorização para fazer compras. No ano passado, apenas o Cristián saía já que ele trabalha fora todos os dias.


Além disso, esse ano também sai para fazer exercícios físicos pela manhã aproveitando o horário especial em que não precisamos de autorização para sair. Fora isso, sigo à risca a orientação de ficar em casa, principalmente, porque ainda não estou vacinada. Não tomei sequer a primeira dose da vacina.


O Cristián já tomou as duas doses, pois o governo resolveu vacinar os profissionais dos meios de comunicação que irão trabalhar na cobertura das próximas eleições. Inicialmente, o processo eleitoral estava marcado para 11 de abril. Para evitar aglomerações, o governo decidiu dividir a votação em dois dias, então, estabeleceu que seria sábado e domingo, 10 e 11 de abril.


Com o aumento dos casos de contágio, outra vez mudaram o calendário de votação. Desta vez, ficou estabelecido que os eleitores vão às urnas nos dias 15 e 16 de maio em todo o Chile. A eleição será para decidir quem serão os novos governadores, prefeitos, vereadores e representantes da assembleia constituinte que vai redigir a nova constituição chilena.


A redação de uma nova carta foi definida no ano passado no plebiscito de 25 de outubro, uma vitória conquistada depois dos protestos que começaram em 2019. O Chile ainda mantém a mesma constituição da época da ditadura Pinochet, ou seja, a transição para a democracia mudou quase nada na estrutura do modelo socioeconômico do país.


Assim como votei no plebiscito do ano passado, novamente, irei às urnas em maio desse ano. Já tenho minhas candidatas definidas e fico feliz em dizer que conheço pessoalmente as quatro mulheres em quem irei votar.


Tive a oportunidade de estar com elas em atividades políticas e estou segura de que todas farão um excelente trabalho caso sejam eleitas. Decidi votar somente em candidatas porque acho a política chilena já está repleta de homens. Basta olhar o governo do Sebastián Piñera para ver que há pouca representatividade.


Estou inscrita no meu antigo domicilio eleitoral, que fica no bairro Centro. Aqui, a votação é por comuna. Quer dizer, o prefeito administra o bairro. É uma distribuição parecida com a de Brasília porque lembro que na capital federal existe um administrador por quadras.


O voto ainda é em papel, nada de urna eletrônica no Chile. Apesar disso, a apuração não demora muito como nos Estados Unidos. Ano passado, a votação terminou às 18:00 e a apuração começou em seguida. Por volta das 21:00 já estavam divulgando parciais e o resultado final saiu, mais ou menos, depois das 23:00. 


Assim que os chilenos souberam que a nova constituição tinha sido aprovada com a maioria esmagadora dos votos, foram para Plaza Dignidad (ex-Plaza Italia) para celebrar como manda a tradição. Não sei como será nesta eleição, já que o governo colocou uma enorme estrutura para proteger uma estátua no local.


Aliás, ainda paira uma grande dúvida sobre se as eleições vão acontecer realmente porque o clima por aqui, no meio político, anda bem agitado. Hoje, está previsto um pronunciamento do presidente e já estão chamando para mais um panelaço. Não sei se terá muita adesão, pois hoje é noite de Oscar e o filme chileno “El Agente Topo” concorre na categoria Melhor Documentário. Mas isso é assunto para amanhã!

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