Quarentena no Chile, dia 1

Hoje, entramos em quarentena total em Santiago e na região metropolitana do Chile. É a primeira vez nesse ano de 2021, parece que estamos num déjà vu. A única coisa diferente é que agora somos mais experientes no assunto.


Acordei hoje cedo fiz yoga e meditação. O Cristián acordou mais cedo ainda e foi dar uma volta de bicicleta no cerro San Cristóbal. Essa é outra mudança com relação ao ano passado. O governo estabeleceu um horário das seis às nove da manhã para que as pessoas possam sair, sem precisar de autorização, para fazer esportes individuais ao ar livre. Achei a ideia ótima e desde a semana passada, quando entramos em quarentena, tenho aproveitado para correr cedinho. 



"Ué, mas pode sair, Bela"? Pode sim, existem vários tipos de autorizações para saídas, bem específicos, com um fim determinado e duração estabelecida. Por exemplo, há um “permiso temporal individual” para ir a estabelecimentos de saúde com duração de 12 horas e sem limite de dias (ou seja, uma pessoa que está em tratamento médico pode usar esta autorização para cuidar da saúde).


Também existe um “permiso” para saída de pessoas com espectro autista ou outras necessidades que tem duração de duas horas, mas sem limites de dias também. Por outro lado, a autorização para a compra de insumos básicos está disponível apenas duas vezes por semana e com duração de duas horas. 


O governo suspendeu a venda de artigos que não sejam considerados essenciais, inclusive, pela internet. O comércio todo fechou, abrem apenas supermercado e farmácias. Além disso, as fronteiras também ficarão fechadas durante todo o mês de abril. Poderão entrar e sair somente as pessoas que residem no Chile, ou que tenham uma justificativa devidamente documentada para entrar ou sair do país. 


Quando chega nessa etapa é bem frustrante porque a gente não sabe quando tudo vai voltar ao “normal”, ainda que essa palavra já não tenha mais o mesmo sentido que antes. Porque, mesmo podendo sair pra rua, jamais saímos sem máscara, por exemplo. Quando voltamos para casa, temos muito mais cuidado com a higiene. Nunca mais tivemos grandes eventos, ou reuniões sociais, como celebrações em aniversários e afins.


No meu caso, em particular, nunca mais vi meus colegas de trabalho pessoalmente, apenas em reuniões virtuais. Esse ano, assinamos um novo contrato na modalidade de tele trabalho. Também mandaram uma cadeira da agência onde eu trabalho para a minha casa.


Hoje, o porteiro do nosso edifício não veio trabalhar e, provavelmente, não virá nos próximos dias. Portanto, já nos avisaram que devemos cuidar do lixo. Com certeza, teremos que nos revezar na limpeza das áreas comuns entre os vizinhos. Por sorte, o edifício é pequeno e fica mais fácil organizar. Aliás, essa é outra mudança importante nessa nova quarentena.


Nós, literalmente, mudamos de endereço em outubro do ano passado. Trocamos de bairro e o setor onde estamos agora é muito mais tranquilo, bem residencial e silencioso. A nossa varanda, que antes ficava de frente para a piscina e o pátio interior do condomínio, agora é virada para uma rua muito arborizada e tranquila. Continuamos sendo privilegiados e presenteados com um solzinho bem agradável. 


Quando cai a noite, a cidade fica num silêncio absoluto. Tem toque de recolher a partir das nove da noite até as cinco da manhã. Muita gente pode questionar a rigidez das medidas aqui no Chile, mas - apesar da forte campanha de vacinação -, o país registrou mais de um milhão de contagiados, 23.677 falecidos e 42.794 casos ativos. 


O Chile está sendo apontado como um mau exemplo por outros líderes internacionais e organizações como a OMS. Quando se trata de uma pandemia mundial, todo cuidado é pouco. Por isso, não custa nada reforçar: se puder, fique em casa; use máscara ao sair; lave as mãos com frequência e use álcool gel; evite lugares fechados e aglomerações. Se cuidem! 

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