Quarentena no Chile, dia 15

Se tem uma coisa boa dessa pandemia e da quarentena é a convivência forçada com os filhos. Porque, apesar de que tem dias em que a gente quer colocar todo mundo pra fora de casa e ficar sozinha, era necessário esse momento de reconexão com nossos filhos.

Foto: Aaron Burden (via Unsplash)

O trabalho, a vida social, as exigências de ser um ser humano bem-sucedido em todos os campos das nossas vidas é tão, mas tão desgastante e, ao mesmo tempo, absolutamente inútil.  


Para mim é um baita privilégio poder trabalhar de casa e acompanhar minha filha de perto. Testemunhar o desenvolvimento dela em todas as etapas. As descobertas, as alegrias, as frustrações... nossa amizade só cresce a cada dia.


Sempre tivemos uma boa relação, é verdade, com muito amor, respeito e carinho. Ela é uma versão pequena minha nem tanto no aspecto físico, porque ela é uma ótima mistura dos pais, mas na personalidade, ele tem várias características minhas. Dá até medo!


Por exemplo, a Gabi é super perguntadeira como eu. Sempre fui assim. Não é apenas aquela curiosidade natural das crianças. É um jeito de perguntar que parece que está te desafiando. Sou assim até hoje. Tem muita gente que simplesmente me odeia por eu ser assim.


Não ligo, especialmente hoje que já sou adulta, mas tenho medo de que nesse processo ela tenha algum tipo de sofrimento. Aliás, acho que esse é o medo de todos os pais e mães do mundo!


Como muitas mães da minha geração, fiz uma série de cursos de disciplina positiva. Adoro estudar o comportamento deles e nosso também. Esses espaços de formação e reflexão me ajudam na hora de exercitar a empatia com a minha filha.


Fica mais fácil pra mim me colocar no lugar dela, coisa que nem sempre consigo com qualquer pessoa. Uma vez eu vi um vídeo da Elisama Santos onde ela dizia que nós somos os guias dos nossos filhos nesse mundo.


Ela usou uma metáfora tão boa que me pegou de jeito. Pediu para a gente se imaginar chegando num lugar novo, diferente, estranho, com outro idioma, novos costumes, lugares. O exercício era tentar se imaginar nessa situação, que eu e vários outros expatriados vivemos, para entender o quanto é importante o papel dos pais. 


Essa semana a Gabi tem vários trabalhos no colégio. A educação aqui no Chile tem um modelo bem conservador, muito diferente do brasileiro, e bem diferente do que eu gostaria de proporcionar para a minha filha.


Por questões econômicas, não dá para investir num colégio com uma proposta pedagógica muito alternativa. Encontramos um bom colégio, laico, mas exigente. 


Ela precisa fazer uma apresentação oral sobre uma profissão amanha. Na quarta, temos que entregar o vídeo da aula de Educação Física, onde ela deve executar três exercícios de diferentes habilidades. Na quinta, ela tem prova de um livro que vamos ler antes de dormir. 


Meio estupefata com tantas atividades e levemente revoltada (já estou superando), eu ajudo a Gabi nessa caminhada. Hoje, ensaiando com ela a apresentação de amanhã, confesso que fiquei super orgulhosa dela. Até esqueci por um momento o absurdo que é fazer uma criança tão pequena passar por algo assim. Será mesmo necessário?


Antes que fique muito tarde, vou terminando esse post por aqui porque ela está me chamando para brincar de massinha de modelar. Um pouquinho só porque tem que dormir cedo porque amanhã é um dia importante e cheio de atividades de novo!

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