Quarentena no Chile, dia 8
Quando a gente está em quarentena, os dias parecem que são todos iguais… exceto quando você tem filhos, trabalha, grava umas entrevistas de vez em quando e ainda quer se blogueirinha... Meu dia hoje foi (está sendo) beeem agitado!
Acordei cedinho, o que pra mim é bem difícil, mas por conta do horário de inverno - que começou na semana passada aqui no Chile – estou conseguindo superar essa dificuldade! Meu organismo já se acostumou com o horário anterior, então, estou tentando manter a mesma rotina.
Cansa? Bastante, pelo menos no início. Mas também é verdade que voltar a correr me deu a energia que estava adormecida. Praticar yoga cedinho também ajuda, apesar de que meu melhor horário para me esticar e fazer as posturas é mais tarde, quando meu corpo já está mais flexível.
Agora, nada disso pode ser uma imposição. Tem vezes em que nosso estado de ânimo é tão escroto que a última coisa que a gente quer pensar é em acordar cedo, muito menos em atividade física.
Esses dias terminei de ler o livro “Sociedade do cansaço” do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han e é bem impressionante como esse discurso da nossa sociedade tende a nos deixar cada vez mais exaustos com tanta cobrança. No caso das mulheres, é pior ainda.
Na pandemia, ficou evidente que temos uma carga física e mental muito mais pesada, o que é super injusto porque no fundo ninguém reconhece e muito menos valoriza. A mudança só vai acontecer com homens feministas, infelizmente.
Quanto mais os homens mudarem sua percepção, exercem a empatia e tiverem outra atitude, melhor será a vida de todo mundo. Outro dia participei de uma Live organizada no Instagram do Brasileiras Pelo Mundo.
A gente conversou sobre o papel da mulher na sociedade, éramos eu e a colunista da Islândia. O que me chamou a atenção é que lá homens e mulheres são feministas. É uma questão não só de direitos iguais, mas de respeito pelas mulheres.
Não existe aquele pensamento de que uma mulher não é capaz disso ou daquilo, de que nós mulheres somos o sexo frágil e tantos outros pensamentos que estamos acostumadas a ouvir no Brasil e no Chile.
Mulheres pilotam aviões, trabalham como eletricistas, enfim, ocupam postos de trabalho nas mais variadas áreas. Efetivamente, o que aconteceu lá foi uma ruptura dos estereótipos. Algo que precisa ser naturalizado nas nossas vidas.
No meu cotidiano, hoje, me sinto afortunada porque tenho contato com homens de uma geração que já pensam diferente. Assumem as tarefas domésticas como algo que é responsabilidade deles por morarem na casa, bem como o cuidado dos filhos. E, principalmente, respeitam quando uma mulher prioriza o tempo dedicado a ela mesma, ou a sua realização profissional, sem que isso signifique que ela ama menos a sua família e seus filhos.
Ainda temos um longo caminho a percorrer e, provavelmente, as quarentenas ajudaram a lançar luz sobre um debate urgente e necessário. Quem sabe a pandemia, no final das contas, tenha realmente um saldo positivo, ainda que pequeno, na nossa sociedade. Só o tempo vai nos dizer.
Teste
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