Quarentena no Chile, dia 5
No início desse ano, o Chile se viu em meio a um grande polémica com a proposta de volta às aulas presenciais nos colégios. Depois de uma grande pressão do setor (já que o país possui um sistema de ensino prioritariamente privado), o governo iniciou a vacinação dos professores em fevereiro e anunciou que as aulas voltariam nos colégios a partir de março. Caberia aos pais a decisão de enviar ou não os filhos.
Logo que começou esse debate, consultei o colégio da minha filha e a primeira informação foi de que não, as aulas não seriam retomadas de forma presencial. Principalmente, porque não haviam protocolos claros ainda. Fiquei bem tranquila porque realmente não pensava em mandar minha filha para o colégio tão cedo.
Uma semana depois, o colégio enviou um comunicado informando que as aulas seriam presenciais e que os pais deveriam decidir se mandavam os filhos ou não. Aqui em casa, optamos por não mandar desde o princípio (as aulas começaram no dia primeiro de março).
Também estaria disponível a modalidade online, que era a proposta inicial da escola para esse ano letivo em plena pandemia. Quando fizemos a matrícula em 2020, inclusive, nos disseram que a previsão era de que as aulas presenciais poderiam ser retomadas depois de abril.
Só que o governo não aguentou a pressão do mercado, afinal, como os colégios podem continuar cobrando mensalidades exorbitantes com os alunos em casa? Como poderiam vender listas de material escolar à distância? Como exigiriam uniforme escolar novo se o estudante não precisa sair de casa?
Muitos pais defendem a volta às aulas por vários motivos. Alguns alegam que é difícil compatibilizar o trabalho remoto com as aulas online. Outros afirmam que a vida social das crianças e adolescentes fica comprometida com a falta do convívio escolar. Alguns estão simplesmente sobrecarregados e não aguentam mais, o que é perfeitamente compreensível.
Entendo todos os argumentos e compartilho, inclusive, de alguns, mas não acho que seja o melhor momento para as crianças voltarem aos colégios. O colégio da Gabi até tem um protocolo e a gente percebe que eles realmente se preparam, mas logo na primeira semana teve um caso de um aluno que teve contato direto com um primo com COVID.
Terminado o primeiro mês de aulas, o Chile vive hoje um dos piores momentos desde o início da pandemia. Todos sabíamos que chegaríamos a esse ponto. Apesar do grande estardalhaço com a vacinação, o governo relaxou em várias medidas e a população, por sua vez, nos cuidados.
Tem sido super estressante os dias com as aulas online. Estamos cansados mesmo. A primeira aula é às nove da manhã e a última, geralmente, termina às 12:40. Depois, tem as aulas complementares à tarde que terminam às 16:40. Minha filha nunca passou tanto tempo em frente a uma tela...
Além disso, é um desafio a alfabetização nessas condições. Aprender as operações básicas de matemática, estudar história, ciências, inglês, artes visuais, educação física, tecnologia... ufa! O Cristián pediu para trabalhar no turno da noite para poder acompanhar a Gabi nas aulas da manhã e eu poder trabalhar.
Mas ele fica exausto e tem dias que falta a paciência necessária. Por outro lado, nem sempre consigo me concentrar nas minhas atividades e dar o apoio que a Gabi necessita. É um tremendo desafio para todos nós, principalmente, para a Gabi.
Por causa desse novo ritmo, me acostumei a acordar mais cedo, deixar o almoço preparado (ou pelo menos adiantado) no dia anterior. Como sou super prática, não foi tão difícil assim, mas o corpo ainda está se acostumando a esse novo ritmo.
Quando chega a sexta-feira é uma tremenda alegria porque sabemos que poderemos descansar e fazer as coisas com calma, mesmo que por enquanto ainda estejamos em quarentena total e sem possibilidade de sair pra espairecer um pouquinho lá fora...
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