Um fim de semana e três dias felizes na vida da imigrante
Nem tudo são dramas na vida da imigrante brasileira no Chile. De vez em quando, os planetas se alinham e coisas boas acontecem. Foi o caso de um fim de semana desses em que teve show de mantras, encontro de brasileiros e atividade política.
O fim de semana partiu com o show do rishna Das no Teatro Universidad de Chile, localizado no coração da capital chilena, na saída da estação de metrô Baquedano, da linha 1, ou “roja” (vermelha) como dizem os santiaguinos. Como eu moro a apenas uma estação dali – Salvador – cheguei antes da minha amiga, a Ceres.
Ela trabalha com turismo e julho é um dos meses mais movimentados da alta temporada de inverno. Tem muitos turistas do Brasil aqui e, graças a Deus, minha amiga está com a agenda lotada. Quando cheguei na entrada do Teatro fiquei observando atentamente as pessoas que passavam por ali.
Alguns entravam, outros aguardavam por alguém mais – como eu – e muita gente simplesmente corria para pegar um ônibus na avenida Vicuña Mackena (que fica ao lado do teatro), ou para encontrar um grupo de amigos já que Baquedano é ponto de encontro e local de partida para diversos pontos da cidade.
Cruzando a avenida Alameda em direção ao Cerro San Cristóbal fica o barrio Bellavista, ponto de encontro de turistas e jovens que buscam animação com barzinhos, restaurantes, lojinhas de artesanato e até mesmo opções para quem quer atravessar a madrugada dançando.
Para quem segue pela mesma avenida, mas no sentido poniente o destino é o Centro de Santiago, lugar de grande aglomeração de trabalhadores que descem dos bairros finos da capital chilena na volta do trabalho para o merecido descanso.
Por sorte, o trânsito daquela sexta-feira não foi tão cruel com minha amiga e ela chegou a tempo de a gente curtir o finalzinho do show de abertura, que não nos interessava. A gente queria ver Krishna Das, a atração principal. Amamos o show que foi bem largo, por sinal, com duração de duas horas e meia.
Cantei muitos mantras e aquela energia realmente me deixou revigorada. Saí do teatro com outro astral e muito mais feliz do que entre naquela sala. Confesso que a produção foi mais simples em comparação ao que eu tinha visto no Brasil, onde a mesma turnê passou antes de aterrissar por aqui.
No Brasil, teve até workshop e atividades fora do palco como uma visita à favela da Rocinha. Além disso, o palco (tanto no Rio, como em São Paulo) tinha um telão maravilhoso com projeções de imagens de entidades hindus. A modéstia do cenário se refletiu no público que levantou em uma ou duas músicas.
Basta uma olhada no perfil do Instagram do músico para constatar que não é implicância minha. A passagem por aqui foi tão fraca que não ganhou nem registro no perfil. Ainda bem que não é uma competição, não e mesmo? Porque o principal era ter um momento de paz e de conexão espiritual, algo que eu consegui naquela noite.
No dia seguinte, o programa de sábado foi um churrasco em família com o grupo de brasileiros no Chile que participo. Somos mais 40 compatriotas numa rede social onde trocamos receitas, dicas, reais e informações para facilitar nossa vida em terras chilenas. Não temos muitas regras, mas quem não participa dos encontros presenciais acaba sendo eliminado.
Acho que é um bom critério já que rede social não substitui o contato humano, o abraço em carne e osso, muito menos a alegria de estarmos juntos. Já participei de alguns encontros e em todos me diverti muito. Essa foi a segunda vez que a Gabi me acompanhou e a primeira em que o Cristián esteve presente. Eles amaram!
Além da companhia muito agradável das pessoas que estavam presentes, estava tudo maravilhoso em relação a comida. Era um churrasco onde cada um levava algo para contribuir, além das bebidas. No final, ainda teve uma feirinha já que um dos participantes levou uma mala cheia de produtos brasileiros para vender. Comprei 12 pacotes de farofa!!!
Para fechar o fim de semana com chave de ouro, no domingo depois do almoço em família com a sogra e as sobrinhas do Cristián que vieram para cá, fui encontrar uma amiga, a Pao. A gente se conheceu no trabalho e, apesar de ela já ter saído há bastante tempo da agência, mantivemos contato até hoje.
Adoro a Pao porque ela é jovem, muito divertida, temos vários gostos diferentes em termos de música e cinema, mas somos de esquerda e essa paixão nos une. Fazia tempo que não nos encontrávamos (desde o meu aniversário) e fomos tomar um café no fim de domingo.
Depois do encontro, ela me acompanhou numa atividade política. Nem só de grupos de brasileiros festeiros vive o meu celular. Recebi uma mensagem de um companheiro pedindo ajuda para receber o Lula no hotel já que ele estava chegando a Santiago para uma agenda com o Gabriel Boric, presidente do Chile, e outros presidentes.
Fomos até o hotel, localizado em Las Condes, bem perto do meu local de trabalho. Ficamos até tarde esperando e conversando com o pessoal da assessoria da presidência. Finalmente, por conta da presença de turistas brasileiros hospedados no hotel, o Lula acabou entrando pela garagem e indo direto para o seu merecido descanso depois de uma viagem longa e de cumprir a agenda oficial em Santiago.
Me despedi dos amigos que encontrei, pedi meu Uber e vim pra casa. Cansada, mas feliz. Foi um fim de semana muito bom como há tempos não vivia por aqui. Impressionante como estar com outros brasileiros, sempre me tira da zona de conforto e acaba movendo a vida no Chile. Muito bom.
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