A morte dos livros?
Hoje tive uma conversa difícil no trabalho com colegas da agência. Esse tipo de situação me faz pensar que realmente preciso mudar de ramo. Nada a ver com o Jornalismo, que eu amo de paixão, mas trabalhar numa agência de marketing digital nunca foi e continua não sendo o meu sonho de consumo.Quando converso com meus colegas sobre assuntos que exigem um pouco mais de profundidade é impressionante como cada frase que sai da boca deles me deixa em estado de choque. Enquanto que para eles é algo absolutamente banal e corriqueiro.
Tipo meu colega de 26 anos que disse com a maior naturalidade que: “os livros vão acabar porque vão deixar de ser necessários”. Porque todo o conhecimento será armazenado pela IA e ninguém mais vai precisar ler livros como “antigamente”.
No que ele foi prontamente apoiado pelo colega ao lado que ainda complementou afirmando que muitos filmes mostram a realidade no futuro. E que esses filmes são feitos com consultorias à NASA para saber possíveis cenários e preparar as pessoas para tais acontecimentos.
Como eu me conheço, sei que minha cara não escondia minha decepção e estupefação com cada uma daquelas frases. Então, falei logo: sinto muito ouvir isso de uma pessoa de 26 anos. Quem me conhece pessoalmente e de perto, sabe que eu não tenho papas na língua. Filtro não é o meu forte.
Não falei com a intenção de atacar o menino, mas cara como uma pessoa de 26 anos acredita realmente que os livros sejam algo que esteja prestes a tornar-se obsoleto... não é possível. E outra pessoa mencionar roteiros de filmes, que muitas vezes são produzidos a partir de uma obra literária, para reforçar essa teoria, me parece realmente uma tremenda ignorância.
Por outro lado, não deveria me surpreender tanto assim. Essa mentalidade reflete exatamente a forma de pensar da sociedade chilena, principalmente, por causa do modelo educacional onde o ensino é totalmente privado e altamente elitista. Quer dizer, a melhor educação fica só para os ricos.
Para se ter uma ideia, não existe universidade pública grátis. Isso é apenas a cereja do bolo. Desde a base até o topo da pirâmide, os ricos têm acesso ao ensino de qualidade, enquanto a classe média se mata pagando por um ensino de qualidade muito duvidosa.
Fiquei pensando que livros não são como jornais impressos, ou meios de comunicação de massa, esses sim correm risco a cada dia de serem eliminados pelas novas tecnologias digitais. Livros são objetos altamente elitizados, são caros. Não é para qualquer um. Não é para todo mundo.
E a facilidade com que as pessoas estão dispostas a abrir mão deles realmente me deixou de boca aberta. Afinal de contas, quem não lembra do filme O Mundo Depois de Nós (que aliás é baseado num livro), onde o bunker que serve de abrigo para o fim do mundo está equipado com vários livros e DVDs, além de aparelhos analógicos de entretenimento e comunicação?
No fim, a gente sempre retorna aonde tudo começou.
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