Uma identidade chilena

Hoje fui buscar a minha cédula de identidade chilena. É apenas um documento, com meus dados pessoais. A verdadeira identidade chilena ainda está em processo.

O Chile é um país culturalmente diferente do Brasil. Não é por acaso que aqui se vêem tantos alemães, norte-americanos ou japoneses em intercambio.

Os gringos elogiam a segurança e a organização do país. De fato, eles se parecem muito pouco com os hermanos latino americanos.

É um povo reservado, culto, educado, conservador. Ao mesmo tempo os chilenos são alegres e nisso se parecem muito com os brasileiros.

Esse documento que ganhei hoje em ajuda em uma série de procedimentos práticos e burocráticos. Ajuda, também, a assimilar a mudança de país.

Ter um documento que comprove: você está aqui, realmente! Isso mexe com os sentimentos.

E na prática, o que muda? Desde que cheguei no Chile, mudei uma série de hábitos para me adaptar a nova realidade.

Para economizar com os cuidados pessoais, abandonei o salão de beleza. Afinal, agora não sou mais uma jornalista no exercício da profissão, mas uma brasileira fora do Brasil que vive de pequenas traduções de textos jornalísticos.

Seguindo recomendação das minhas experientes amigas que viveram em Londres, comprei um aparelho elétrico depilatório. A-do-rei! Acho que nunca mais vou usar cera!!!

Em compensação, as unhas estão horríveis porque eu realmente não tenho habilidades para manicure. Sorry!

O café expresso é muito raro e caro, por isso, todo dia esquento água e tomo café solúvel como fazem todos os chilenos por aqui. Não é tão gostoso, mas a gente acostuma.

Eu já consumia pão integral no Brasil, portanto, não dei falta do pão francês, mas por aqui não se encontra.

Vendi meu carro antes de sair de Brasília e não tenho, pelo menos por enquanto, a menor perspectiva de comprar um automóvel no Chile. Portanto, caminho bastante e utilizo o metro e as linhas de ônibus daqui.

Tudo funciona bem, mas é bom evitar os horários de rush. Eu quase nunca estou na rua nessa hora, então, tem sido muito tranqüilo.

Eu sou uma pessoa de gatos e todo mundo sabe disso. O Black e o Brother estão morando na casa da minha mãe e eu morro de saudade deles.

Santiago não é exatamente uma cidade para gatos. Os cães abandonados são um problema muito grave por aqui e existem milhares, sem exagero, de cachorros lindos abandonados nas ruas.

Apesar disso, no prédio onde eu moro, tem uma gatinha de rua que foi adotada pelos moradores. Dia desses, ela começou a miar desesperada!!! Em pouco tempo, uma vizinha desceu com uma vasilha com ração e a bichinha acalmou na hora.

Não estava mais acostumada a ser assediada na rua. Quem mora em Brasília, sabe que é muito raro você caminhar pela rua. Quanto mais, ouvir uma cantada safada!

Aqui, não tem jeito. Saiu na rua, você ouvir alguma coisa, agradável ou não, respeitosa ou tarada. Faz parte da cultura macho man latina.

Devo estar com o espírito de doméstica aflorando e, por isso, ouço tanta coisa. Aliás, acabo de lembrar que tenho que ir lá na lavanderia para tirar a máquina da lavadora e colocar tudo na secadora.

Essa tem sido apenas uma das minhas tarefas do lar. Agora, não tenho mais quem faca nada disso para mim. Lavo, limpo, e, de vez em quando, escrevo no blog!

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