Packing

Estou preparando outra mudança. Novamente, desmontando a casa, vendendo coisas, doando outras.

Não é tarefa fácil, mas já estou acostumada. A cada mudança, uma nova descoberta e um jeito mais tranquilo de fazer acontecer.

Ontem, despachei três caixas para Porto Alegre. Com a venda dos móveis e eletros, devem sobrar roupas e objetos que cabem em algumas poucas malas.

Fora isso, o que mais estou levando? Levo experiência e conhecimento que não cabem em caixas, nem em malas.

Coisas que vivi, pessoas que conheci, lugares que visitei. Vai tudo junto comigo. Mesmo aquilo que ficou para trás, no passado, está aqui.

Vou embora porque quero ir, não por uma imposição do destino. Volto para Porto Alegre porque quero estar perto da família.

Passei quase dez anos longe de casa. Agora, é hora de voltar, me dar essa chance, encarar as dificuldades e vantagens do caminho que escolhi.

Brasília é ótima. Tem um clima bom, ótimas oportunidades de trabalho e amigos queridos.

Porto Alegre também é ótima. Tem um clima frio, poucas oportunidades profissionais e amigos queridos. E tem a família também.

Tem uma Isabela que cresceu lá e se preparou para encarar o mundo aí fora. E a Isabela que volta diferente, mas com a mesma vontade e curiosidade de sempre.

Minha alma continua inquieta e meu espírito quer para sempre ser livre. Não importa onde eu esteja, desde que seja inteira.

Fiz as contas e, em dez anos, trabalhei em onze lugares diferentes. Perdi meu pai, terminei um casamento, fiz um Mestrado, perdi dois gatos, fui a quatro funerais e dois casamentos.

Troquei de casa também muitas vezes. Foram seis endereços diferentes, quase sempre no Setor Sudoeste. Em Porto Alegre, ainda não troquei de CEP.

Aqui, conheci tanta gente, de tantos lugares diferentes, que até perdi a conta. Visitei muitos lugares no Brasil – Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Piauí, Bahia, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro – e fora também – Venezuela, Chile e Argentina.

Outro dia, na casa de um casal de amigos de Porto Alegre, conversávamos com uma amiga de Brasília que trocou a capital federal pela capital dos gaúchos.

Ela naturalmente reclamava das dificuldades que enfrenta no Sul para enturmar-se. Me vi na fala dela. Passei várias vezes por situações assim.

São coisas que a gente passa quando sai do nosso chão. Situações que vivi em Brasília e em Santiago, quando morei no Chile.

Não é fácil. Nunca é. Não espero que Porto Alegre esteja de abraços abertos esperando pela minha volta.

Mas até mesmo essas dificuldades, nesse momento da minha vida, serão bem vindas. É o recomeço onde tudo começou.

***

"Ser capitã desse mundo
Poder rodar sem fronteiras
Viver um ano em segundos
Não achar sonhos besteira"
(Maria Gadú)



Comentários

  1. Vai embora e não veio nos visitar? ai ai ai.. mas tudo bem, entendo e espero que você seja muito feliz perto da sua família. bjos

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  2. Guria, vou mas eu volto outras vezes. Nao é um adeuas, mas um até breve! Bjs

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  3. Bela querida, é impressionante a sua intensidade, todas as vezes que recebo notícias de por onde vc anda me surpeendo! Acho muito verdadeira a sua maneira de encarar a vida, e é sempre tão cheia de poesia e alto astral! Saiba que me incluo, com muita honra, nessa lista de amigos que fez por aqui. Não nos vemos, nos falamos pouco mas saiba que tenho carinho e adimiração pelo seu jeito de ser. Acho que te fará muito bem ficar perto da sua família, eu não largo a minha, quero estar sempre perto, me faz um bem enorme! Vá e seja muito feliz!!!! quando for a Porto Alegre te farei uma visita ok? Grande beijo e que Deus te abençôe sempre!
    Tete

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  4. Tete, minha linda amiga, valeu pelo carinho! Por favor, quando vier a Porto Alegre, nao deixe de me avisar. Quero muito te rever! Vc também mora no meu coracao. Beijao

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