Trekking base no Parque Nacional Torres del Paine

Esse ano conseguimos tirar férias de verdade. Depois de quase dois anos sem viajar de avião, finalmente, pude reviver a sensação de andar entre as nuvens. Nosso destino foi Punta Arenas, cidade localizada na região de Magallanes, último ponto de parada antes de se chegar a Antártida chilena. A viagem foi espetacular e eu vou contar tudo aqui em vários textos, mas vou começar com a principal aventura: o trekking base no Parque Nacional Torres del Paine.



As Torres del Paine foram escolhidas como a oitava maravilha do mundo em 2012, num concurso organizado por um site de turismo. É um lugar realmente belíssimo que fica dentro do Parque Nacional com várias opções de trekking para percorrer seus quase 230 mil hectares. Algumas dessas trilhas devem ser feitas em dias, como é o caso dos circuitos O e W. 


Como viajamos com criança, não tínhamos estrutura, nem disponibilidade para estar tantos dias caminhando. Portanto, optamos pelo trekking do acampamento base que leva apenas algumas horas e pode ser feito durante o dia. 


Chegamos a Punta Arenas vindo de Santiago num voo de duas horas e meia numa quarta-feira. Na sexta, partimos em viagem rumo a Natales e daí ao Parque Torres del Paine. Fomos com o carro carregado já que iríamos acampar.


Viajamos num carro com a Gabi e a prima do Cristian viajou em outro com o namorado. Eles foram com a gente para que pudéssemos fazer o trekking, já que não iriam fazer a trilha e, assim, poderiam ficar com a Gabi durante a nossa subida. Ficamos no Camping Pehoé, que tem uma vista incrível das torres.


Vista do camping

Na entrada do parque, nos pediram as nossas entradas que são enviadas por e-mail. É preciso comprar previamente e informar quantos dias você estará no parque e em que parte vai se hospedar (camping, hotel, etc). Na portaria, também tem banheiro. Dali até o acampamento é rapidinho.


O camping é administrado pelo grupo Sodexo e tem uma ótima infraestrutura, com espaço coberto para instalar as barracas ou deixar as mesas de madeira que disponibilizam para fazer as refeições. Também tem churrasqueiras do próprio acampamento junto ao local onde você arma sua barraca.


Tem um restaurante que está fechado por causa da pandemia. Conta com pracinha com brinquedos para as crianças, uma prainha para curtir o visual e banheiros com água quente e pequenos luxos como papel higiênico e toalha de papel para secar as mãos. Junto aos banheiros estão as torneiras para lavar a louça com água quente também. 


Por ser um lugar bonito e bem equipado, é ponto de parada dos turistas que passeiam pelo parque. Ali, é onde eles param para ir ao banheiro, esticar as pernas, tirar fotos e, com sorte, ver algum animal como as raposas que aparecem sempre para visitar. Também tem uma lojinha na portaria que vende cafés, bebidas frias e lanchinhos.


Na madrugada de sexta para sábado, choveu o tempo todo. Nossa barraca resistiu bravamente, mas eu dormi super mal preocupada pensando que teria que encarar a trilha com chuva. Obviamente, não deixaria de ir porque estávamos ali justamente para isso. 


Saindo cedinho para o trekking

Para minha sorte, quando acordamos tinha parado de chover. Era bem cedo, tipo 5:30 da manhã porque é melhor chegar cedo ao centro de recepção, já que depois de certo horário ninguém mais pode subir. Além disso, assim, evitamos muita gente porque ninguém merece fazer trilha em plena pandemia de máscara!


Fomos com um casal que conhecemos no camping. Eles nos pediram carona para chegar até a recepção e acabamos fazendo a trilha juntos. Foi divertido porque eles tinham uns 20 anos menos que a gente. Além disso, era um casal internacional como nós, uma chilena e um espanhol. 


Na ida, vimos um guanaco solitário curtindo o amanhecer. Quando estacionamos o carro e começamos a caminhada até a recepção, vimos uma lebre correndo. Justo na entrada principal tem um espaço equipado com banheiro e loja de lembrancinhas, que obviamente estava fechada. Depois de uma paradinha básica no banheiro, começamos nossa aventura. 


Eu tinha lido muito sobre a trilha, vi vários vídeos tentando me antecipar e preparar para o que vinha pela frente. De certa forma, não posso reclamar. Tudo o que vi e li, realmente, serviu bastante. Talvez a única coisa que poderia ter investido melhor seria num corta vento mais grossa porque a minha jaqueta era muito fina e acabei usando mais tempo a jaqueta forrada que protegia melhor do vento, mas me deu bastante calor na subida final.


Levamos quatro horas para subir e quatro horas para descer. A primeira parte foi a que o Cristián mais me alertou e um amigo também tinha me dito que era super inclinada e entre as pedras, bem chatinha. Depois desse trecho, chegamos ao acampamento chileno, onde também tem banheiro (custava 500 pesos chilenos).


Curtindo o visual do bosque

Dali vem um caminho pelo bosque e, como tem bastante sombra e vegetação, você não sente a subida. Na volta é que a gente percebeu que tinha subido bastante... Passado esse trecho, vem a parte final, na minha opinião, a mais difícil.


Foi ali que eu quase entreguei os pontos. Porque é uma subida entre pedras, essa sim, bem inclinada. Quando você chega nessa etapa, a vontade de estar nas torres é enorme porque elas ficam cada vez mais perto. Mas por mais que você caminhe, não chega nunca!


Até que eu falei: não dá mais! O Cristián, com toda a paciência do mundo, me acompanhou até uma pedra na sombra, sentou do meu lado, pediu para eu descansar, comeu uma maçã e ficou comigo ali até passar o desespero. Depois de tomar água, comer um pedacinho de chocolate e respirar, seguimos bem devagarinho pelas pedras. 


Fotinho clássica nas Torres

Por um lado, foi melhor assim porque justo nessa hora, tinha menos gente e pudemos caminhar no meu ritmo. Finalmente, chegamos ao topo da montanha. A 2.600 metros do nível do mar a vista das Torres é espetacular. Quando você chega no topo, o ideal é sentar, contemplar, fotografar e respirar aliviado por ter concluído sua jornada.


Aproveitamos para lanchar e repor as energias porque essa história de que a descida todo santo ajuda é mentira! Foi bem cansativo, especialmente, porque as pernas já estavam cansadas depois de quatro horas de subida. Além disso, na descida tinha muito gente subindo, o que atrasou a caminhada. 


No total, fizemos a trilha em oito horas. Tivemos a companhia de tempo bom durante todo o trekking com uma vista completamente livre de nuvens quando chegamos nas Torres. Ou seja, impecável!


Deixei para o final do texto algumas dicas mais técnicas: não tive problema com a roupa porque me vesti em camadas, o único inconveniente foi o que comentei antes da corta vento. Usei umas botas de trekking que comprei em Punta Arenas super boas e cômodas. Levamos uma mochila com frutos secos, chocolate, frutas e uma garrafa de água que a gente ia abastecendo ao longo do caminho. Alugamos em Natales bastões de trekking e confesso que ajudou, especialmente, para dividir um pouco o esforço na subida e na descida. 


Para mim foi uma experiência tranquila porque fui com uma pessoa que conhece bem o Parque e já fez várias vezes os circuitos. Essa foi a oitava vez do Cristian no parque. Quem quiser saber mais detalhes, pode deixar nos comentários que eu respondo com prazer. Foi uma das melhores experiências na minha vida. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sobre o 20 de setembro no Rio Grande

Feriados e datas importantes no Chile: confira o calendário e programe-se!

20 anos sem meu pai