O que fazer em Punta Arenas?

Hoje é o último dia do mês de fevereiro e quero aproveitar para escrever e publicar o último post sobre a nossa viagem de férias a Punta Arenas. Isso porque em marco vou começar um novo projeto aqui no blog que, com certeza, vocês vão gostar. Ficaram curiosos? Bueno, então, confiram até o final esse post sobre nossos passeios em Punta Arenas.

Campos de chocho em Punta Arenas

Sempre tive vontade de conhecer Punta Arenas porque o Cristián morou dois anos na cidade. Também despertava meu interesse a possibilidade de visita-la e, obviamente, estender o passeio até o Parque Nacional Torres del Paine. 


Punta Arenas é uma cidade que causa uma boa impressão logo no início. Saindo do aeroporto, a cidade é bem bonita, organizada, limpa, com um visual espetacular do Estrecho de Magallanes. Para uma cidade numa região bem isolada da capital do país, é bem desenvolvida e isso acontece por dois motivos.


A presença de uma base da força aérea chilena, quer dizer, tem muitos militares morando lá. Além disso, tem uma refinaria de gás – que custa super barato na região. Por isso, Punta Arenas é uma cidade com uma certa infraestrutura, ainda que não seja um grande centro urbano.


Nao Victoria

Por ser uma cidade bem desenvolvida, também tem muitas diferenças econômicas e, obviamente, faltam oportunidades de trabalho. Quando morou em Punta Arenas, o Cristián trabalhou numa ferragem como encarregado do estoque. 


Foi nessa época que ele começou a se interessar por fotografia e, por essas coisas da vida, terminou virando colaborador do jornal mais importante do Chile. O jornalista que cobria a região ensinou a ele a arte da reportagem. Juntando a técnica, com o olhar de artista e o talento nato, estava formado o repórter. Até hoje, percebo que ele se destaca entre os colegas por ter esse olhar mais apurado sobre o que é notícia. 


O caso dele é um em um milhão porque é muito difícil conseguir uma oportunidade assim e conseguir afirmar-se por conta própria. Não é impossível, mas não é a regra geral. A prima do Cristián que mora em Punta Arenas e nos recebeu em casa também é uma profissional destacada na área dela.


Museo del Recuerdo

Ela é podóloga e, provavelmente, a melhor de Punta Arenas. Tem uma clientela fiel e trabalha muito. Ela é divorciada e tem três filhos adultos: uma é professora, outra é paramédica e parou de trabalhar para se dedicar ao filho desde que foi mãe, e o mais novo que terminou a faculdade e está desempregado e com quadro de depressão. 


Aliás, é uma doença muito comum na região por uma série de fatores, não apenas pelas condições socioeconômicas difíceis. O clima não ajuda em nada. Fomos no verão em que o dia termina por volta das 22:00 horas, mas no inverno tem pouca incidência de luz. Amanhece tarde e escurece cedo.


Punta Arenas é uma das cidades onde realmente neva no inverno e faz muito frio. Só que o principal vilão é o vento magallánico.  Se para alguns é uma bênção, para outros, motivo de preocupação. A cidade tem barras de ferro em vários pontos, especialmente em algumas esquinas do centro para evitar acidentes, já que muita gente sofre quedas com as rajadas de vento. Pois é... visitar, ok. Morar... não é para qualquer um. 


Passeio na Costanera

Visitamos os principais atrativos turísticos de Punta Arenas, além do Centro: estivemos na réplica da Nao Victoria, embarcação que trouxe os exploradores europeus para a região; subimos o mirante Cerro de La Cruz que tem um visual deslumbrante da cidade; visitamos o Museo del Recuerdo que tem réplicas de casas dos primeiros colonizadores; o cemitério com os jardins e jazidos de famílias tradicionais; o Museo Maggiorino Borgatello da congregação La Salle que, além de animais e insetos, resgata a história da evangelização dos povos originários; o Cerro Mirador, onde funciona uma estação de esqui no inverno; a Zona Franca de Punta Arenas onde comprei um creme brasileiro para o cabelo da Gabi e muitos cafés do Brasil; passeamos pela costanera - o calçadão de Punta Arenas; visitamos o Parque Maria Behety que tem várias esculturas de animais pré-históricos da região e no inverno funciona como local de patinação no gela no lago congelado; e o esqueleto de um barco abandonado que fica bem em frente a esse parque, o Lord Londsale. 


Também levamos a Gabi para brincar em várias pracinhas, uma delas me encantou, a dos Dinossauros, de deixar qualquer pracinha em Santiago no chinelo! Super equipada! Até muro de escalada pra criançada tinha! 


Graças a prima do Cristián, tivemos a oportunidade de conhecer o lado não oficial da história da região, o que os museus e nenhuma dessas atrações mostram de verdade. Assistimos ao documentário “El botón de nácar” (O botão de pérola) do cineasta chileno Patrício Guzmán. Ele faz um paralelo entre a ação dos colonizadores que dizimaram os povos originários que navegavam e domavam as águas geladas da região e, anos depois, os militares que usaram essas mesmas águas para livrar-se de corpos de presos políticos durante o regime militar do governo Pinochet. É chocante, mas necessário. 



Durante os dias em que estivemos em Punta Arenas, tomei muita cerveja produzida em Valdívia, no sul do Chile também. Não saímos muito para comer fora porque como estávamos hospedados na casa de familiares, a convivência em família era parte da programação das nossas férias. Mas saímos em algumas ocasiões: fomos no tradicional Kiosko Roca tomar leche com plátano e comer choripán; estivemos no Lomito’s, um clássico no centro da cidade; comemos no Café Sarmiento curtindo a vista do Cerro de La Cruz; estivemos num pub que eu não lembro o nome...; e também fomos num restaurante em frente ao Mercado (estava fechado), mas a experiência não foi muito boa e não vale a pena mencionar.


Comemos muito bem porque o namorado da prima do Cristián é um cozinheiro aficionado e preparou vários pratos típicos pra gente. Foi muito legal. Uma coisa que me deixou bem feliz nessa viagem foi ver a Gabi provando comidas novas e se adaptando ao longo da viagem. Faz falta sair porque ajuda bastante no desenvolvimento de qualquer criança. Super recomendo viajar e, principalmente, Punta Arenas.


Amanhecer nos campos de chocho em Punta Arenas

O passeio mais maravilhoso em Punta Arenas foi a visita que fizemos aos campos de chocho, uma planta trazida por imigrantes europeus para a cidade. Fomos com um fotógrafo amigo do Cristián, José Miguel, especialista em fotos ao amanhecer. Foi a primeira vez que vimos os dia nascer juntos e a paisagem era, simplesmente, deslumbrante. Foi nosso último passeio para fechar nossa aventura com chave de ouro!


Espero que vocês tenham gostado desse breve relato de viagem. Esse mês vou começar uma série de posts contando minhas experiências profissionais ao longo desses anos. Tem muita história para contar e tenho certeza de que vocês vão se divertir. Me aguardem!

Comentários

  1. Que lugar impressionante, muita vontade de conhecer

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    1. Gus, em pra posse do Boric e dá uma esticada até o extremo sul do Chile! Sabia que o Boric é de Magallanes? 😉

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