Nossas paixões

Quando eu era estudante de Jornalismo na faculdade entrevistei o Ruy Carlos Ostermann, jornalista e comentarista esportivo, bem conhecido em Porto Alegre.

Trabalhei com a filha do Ruy e por conta desse bom contato, consegui a bendita entrevista. Nem me lembro em que ano foi isso, mais ainda tenho a revista guardada.

Lembro bem do título que coloquei na minha matéria “O amador às escondidas revela suas paixões”. Bolei essa frase a partir do livro do “professor” Ruy, sobre a paixão pelo futebol.

Na nossa conversa, perguntei quais eram as paixões dele, além do futebol. Ele falou de várias, mas me lembro bem de que ele tinha desenvolvido a paixão pelo vinho tinto de boa qualidade, depois de descobrir que fazia bem para as coronárias.

Adorei fazer essa entrevista e redigir o texto. Aliás, sempre gostei de redação, desde os tempos de escola. Talvez seja por isso que agora eu trabalhe editando textos.

Mas para mim o texto sempre foi algo natural, em especial, quando se pode escrever por temas amenos e divertidos. Nem sempre é assim.

No meu primeiro estágio em assessoria, tive que escrever um texto sobre alcoolismo no trabalho. Apesar do tema pesado, consegui falar com leveza e abrir a matéria com uma brincadeirinha.

Adoro redação, na realidade, mas há algum tempo tenho convivido com uma certa neurose e um preciosismo tão característicos do jornalismo e dos jornalistas.

Talvez, por conta disso, eu tenha m desencantado com a profissão e com a escrita. O mestrado, então, foi outro momento extremamente traumático.

Minhas orientadora dizia que eu tinha texto de jornalista e que precisava mudar para o estilo acadêmico.Ai, que preguiça...

Agora, me cobram vírgulas, verbos reflexivos, regras de ortografia e gramática. É bem verdade que quase ninguém se preocupa em fazer um texto atrativo. O conteúdo pouco importa. A forma parece ser o foco central da preocupação.

E assim vamos escrevendo, palavras ao vento, porque de nada adianta escrever um texto gramaticalmente exemplar se o conteúdo não informa nada? Não seduz o leitor? Naod conversa com quem está do outro lado?

Sempre me preocupei em escrever para que as pessoas tivessem prazer em ler os meus textos. E não entendo muito bem a lógica de alguns editores. Talvez seja porque enquanto eu escrevo para outros leitores, eles escrevem para outros jornalistas.

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