De carro novo

Semana passada a gente teve uma alegria de pobre por aqui. Depois de quase 10 anos de Chile, compramos nosso primeiro carro juntos. Aliás, foi o primeiro bem de grande valor ao longo da nossa conturbada história de amor. Sim, vim morar aqui com quase 35 anos e com uma pessoa divorciada, com dois filhos do primeiro casamento. Portanto, não era uma história começando do zero.

O grande dia

Sempre tivemos (e ainda temos) muitos compromissos. Por mais que em alguns momentos me irritasse com as infinitas concessões do Cristián, aos filhos (e a ex- mulher também), tinha que reconhecer a responsabilidade que ele sempre teve. Isso dizia (e ainda diz) muito sobre a pessoa generosa que ele é. 

Várias amigas (especialmente as que já passaram por uma separação) comentavam isso: o fato dele não deixar para trás ninguém (especialmente financeiramente) dizia muito sobre a pessoa por quem eu me apaixonei. Obviamente, até hoje nós dois fazemos sacrifícios para conseguir manter não apenas o nosso estilo de vida, mas o da família anterior também, afinal, os filhos são um amor para o resto da vida.

Correndo atrás

É como se você começasse uma corrida depois da segunda ou terceira volta, sem qualquer tipo de vantagem. Aliás, com todas as chances contra você. Por isso, cada pequena conquista que a gente tem, obviamente, é super bem-vinda e muito celebrada. Foi assim quando nos mudamos para um apartamento maior, pouco antes da pandemia. Da mesma forma, quando novamente mudamos em plena pandemia para outro apartamento menor, mas com uma localização muito melhor. 

Não são as coisas materiais em si. É saber que você se sacrificou bastante, batalhou e conseguiu sair de um sufoco. Não somos ricos, provavelmente, nunca seremos. Mas é bom dar um pouco de conforto, em especial, para a Gabi. Por causa dela, comprar um carro passou a ser prioridade.

Conhecendo Santiago

Desde que cheguei em Santiago, aprendi a me locomover na cidade de metrô, ônibus, taxi, colectivo (táxi dividido) e, mais recentemente, com os aplicativos de transporte. Isso ajudou muito na minha adaptação aqui. Conheci bastante a cidade onde moro por conta disso. Nem tenho a minha licença chilena ainda. Agora, vou ter que tirar a carteira de motorista (o que, obviamente, vai render muitas histórias para o blog). 

Desde que mudamos para um apartamento menor, com vaga no estacionamento, tínhamos como meta ter um carro. Nossa esperança era equilibrar um pouco o espaço reduzido com saídas mais frequentes, coisa que não era possível sem carro. Finalmente, no início desse ano, a gente deu um peitazo e, na garra e na raça, compramos um carro. 

Para nossa alegria

Tivemos que entrar numa lista de espera porque, devido a pandemia, carros novos demoram em chegar ao Chile. A promessa de entrega era para outubro desse ano. Justamente, quando estava naquela função do trabalho para a Copa Sul-americana avisaram que entregariam o carro antes do previsto!

Ficamos muito felizes e a Gabi, obviamente, é a mais entusiasmada com a novidade. O mais legal é que a alegria é a mesma que ela sente quando vai sair de metrô, ou de ônibus! 🤣 Ela é uma figura mesmo! 

Sei que todos estamos passando por vários perrengues, com muita gente sendo a cada dia derrubada por notícias tristes, no mundo e no seu entorno, mas a gente ainda pode reclamar o direito de celebrar as pequenas alegrias da vida adulta. E, sim, fiquei muito contente com mais essa.