Um trabalho incrível

Como eu já tinha adiantado no post anterior, essa semana teria novidades e boas histórias por causa do meu trabalho na Copa Sul-americana da Conmebol. Trabalhei em dois jogos que aconteceram aqui em Santiago, no Chile. Casualmente, os duelos foram entre times chilenos e brasileiros, o que tornou esse trabalho mais especial ainda, afinal de contas, Chile e Brasil são os países que moram no meu coração, por razões óbvias!

Trabalhando feliz

O trabalho


Quando me procuraram para ver se eu tinha interesse nesse trabalho, a primeira novidade foi o cargo: gerente de hospitalidade. Eu pensei: o que é isso? Quando me explicaram que era a pessoa responsável por contratar pessoal qualificado de acordo com o trabalho a ser executado; organizar e coordenar as operações; e supervisionar e avaliar a equipe, pensei... muito parecido com vários trabalhos que executei ao longo da minha vida profissional.


Mas em quê consistia a minha missão nesse caso? A Conmebol organiza eventos para receber convidados dos patrocinadores antes dos jogos em competições importantes. Portanto, o gerente de hospitalidade tem que acompanhar toda a execução do projeto e garantir que saia tudo perfeito. 


Essa é uma tarefa fácil quando você tem bons fornecedores. Todas as experiências que tive no decorrer da minha carreira provaram isso. Na hora em que alguma coisa sai fora do previsto, é fundamental contar com uma equipe fera. Dessa vez, não foi diferente. A produtora escolhida conseguiu uma parceira muito boa aqui no Chile. Tivemos imprevistos, sim. Mas tudo é aprendizado.


Estádio do Colo-Colo

O começo 


Tudo começou com a visita de inspeção aos estádios para conseguir um espaço adequado para organizar o evento. O pessoal da produtora veio para Santiago e, juntos, fizemos as visitas. Foi tudo muito rápido porque eu tive apenas uma reunião com a minha supervisora que explicou exatamente o que eu tinha que fazer. Nesse mesmo dia, ela entrou em contato com os clubes e pediu para eles me receberem.


Em dois dias, visitei dois estádios localizados em bairros completamente diferentes em Santiago. Fui muito bem recebida e conheci o pessoal da equipe com quem iria trabalhar e também os representantes dos clubes chilenos. Depois das visitas, tivemos que apresentar relatórios com as sugestões de espaços para serem avaliados e, logo, começar os preparativos. 



Entardecer na entrada do estádio


O treinamento 


Além da minha experiência prévia, todos os profissionais contratados para a hospitalidade passaram por um treinamento prévia que ajudou - e muito. Foi nesse momento que percebi a grande vantagem de ser uma brasileira morando no Chile. Dominar os dois idiomas foi uma grande vantagem e tive uma grata sensação ao perceber que, todo mundo que falava um pouco de português, aproveitava a ocasião para praticar o idioma. Ao contrário do que já vivenciei muito aqui no Chile, nesse trabalho, falar português não era motivo para as pessoas me olharem com desconfiança, mas sim com reconhecimento.


Aliás, um dos aspectos mais interessantes foi as diferentes nacionalidades das pessoas envolvidas nesse projeto. Brasileiros, paraguaios, argentinos, uruguaios, venezuelanos chilenos... Nossa capacitação foi online, bem como muita coisa que foi feita à distância. Por exemplo, enviamos nossas medidas para que confeccionassem os ternos que usamos durante os eventos. 


O PCR


No decorrer do caminho, além das ferramentas que nos ensinaram, ficamos sabendo que teríamos que fazer PCR. Também seria necessário hospedar-se em hotel e ficar em modo bolha (sem contato exterior) durante os dias anteriores e no dia dos jogos. Tudo isso era novo pra mim. Acredite se quiser, ao longo da pandemia, eu nunca tinha feito um PCR. 


Fiz dois PCRs, um no sábado de manhã cedo e outro na segunda-feira. Depois de ter meu nariz devidamente cutucado, avisaram que a gente não precisaria dos testes já que nosso trabalho não consistia em transitar no campo de futebol. Respira fundo, um, dois e três, vamos em frente.


A parceria


Outra novidade nesses dias, foi que eu também jamais tinha me hospedado num hotel sem a Gabi nos últimos 7 anos. Essa foi justamente a graça desse trabalho: tudo novo em folha! Fresco e diferente. Algo que é sempre bem-vindo e inevitável. 


Conversei bastante com a Gabi antes para que ela ficasse tranquila. Pedi os dias livres no meu trabalho, assim como o Cristián para poder cuidar integralmente da Gabi. Sim, essa parceria foi fundamental para abraçar essa oportunidade. Se o Cristián não tivesse abraçado comigo, eu não poderia saltar de cabeça. Foi ele também quem tirou as medidas para mandar ao alfaiate.


Pronta para o segundo jogo

O jogo 1


Na segunda-feira, fui para o estádio Monumental do Colo-Colo para acompanhar a montagem do espaço para o evento. Para essa primeira disputa, a minha supervisora veio me acompanhar de perto e a presença dela foi ótima para ficar atenta a tudo, já que para mim era uma grande novidade. Passei o dia no estádio e à noite fiz o check in no hotel entrando, finalmente, no modo bolha.


Encontrei minha supervisora, que me entregou o terno, uma mochila, camisetas e outros mimos da empresa. Com tudo pronto, na terça chegou o dia do primeiro evento. Depois do café da manhã, partimos logo cedo para o estádio. No dia anterior, tinha chovido e a cordilheira estava nevada. 


No dia dos jogos, pela manhã, há uma reunião para relembrar aos dois times as regras que eles já conhecem. Participei dessas reuniões para me apresentar e explicar no que consistiam nossos eventos. Uma das coisas mais legais desse trabalho é ser parte da delegação oficial dos jogos. Sim, eu tinha uma credencial que me permitia circular por toda as áreas do estádio. Pois é...


No dia do evento, deu tudo certo. E o melhor de tudo foi que a equipe chilena ganhou o jogo. Com isso, aumentam as chances do Chile seguir na Copa Sul-americana e, obviamente, ter mais trabalho pra gente. Saímos do estádio depois da meia noite, fomos direto para o hotel.


O jogo 2


No dia seguinte, pela manhã, eu e um dos médicos da delegação fomos para o novo hotel, onde já estava parte da equipe do novo jogo. Como já estava tudo mais ou menos encaminhado, esse segundo evento fluiu melhor. Já tínhamos todo o material e a equipe de trabalho seria a mesma. Aprendemos com os erros do evento anterior e conseguimos ajustar o que era necessário. 


Além disso, na primeira edição, o local era dentro do estádio, ou seja, tivemos que adaptar uma área. Agora, o espaço era o centro de eventos fora do estádio do Universidad Católica. Com isso, também tivemos menos tempo de recepção, somente três horas antes. No evento anterior, além do tempo antes de iniciar o jogo, tivemos o intervalo e o pós-jogo.


Nosso medo era de que as pessoas não encarassem a caminhada de cinco minutos até o local do evento numa noite de frio. Por sorte, o ambiente aquecido, com comida e bebida grátis, atraiu os convidados e tivemos casa cheia. Fechamos nossa participação com chave de ouro! A única coisa que não ajudou muito foi o time chileno que tomou um chocolate da equipe brasileira... 


Fim da jornada

Assim que terminou a recepção, enviei meu relatório e vim pra casa. Tinha feito meu check out de manhã cedo para poder voltar pra casa e abraçar meu pacotinho de amor e alegria, a Gabi. No primeiro dia de trabalho, numa chamada de vídeo ela quase me fez chorar na frente de todo mundo. Ela disse: "mamãe posso te contar um segredo? Chorei de saudade ontem à noite". 🥹 Obviamente, eu não via a hora de estar com ela de novo. 


Valeu muito tudo o que vivi nesses dias. Conheci várias pessoas interessantes, me diverti, aprendi pra caramba e expandi meu horizonte. Ao contemplar a cordilheira deslumbrante diante dos meus olhos, lembrei-me de que tudo é possível quando a gente não deixa de acreditar e sonhar. Agora, estou acompanhando os jogos de volta para ver os resultados e torcendo para que o Chile siga na competição!  

Comentários

  1. Que experiência maravilhosa, Bela!!!

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    1. Foi muito especial! Curte bastante e, agora, espero que tenha mais nas quartas de final! 🙌

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  2. que legal saber dessas notícias tão boas, valeu demais Belinha

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    1. Foi muito show mesmo! Curti bastante a experiência, Petit! Meu primeiro jogo num estádio aqui no Chile e tive sorte porque o Colo-Colo ganhou do Inter! 🤩

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