Os meus, os seus, os nossos filhos

Essa semana circulou pelas redes sociais no Brasil um texto publicado num blog que eu acompanho. O título era "Porque uma criança não precisa dividir sempre o brinquedo dela e isto não é egoísmo".

Nunca julgo um livro pela capa, muito menos um artigo pelo título. Portanto, mesmo não concordando com essa premissa, lá fui eu ler o tal artigo.

O texto não é tão novo assim porque foi escrito em abril de 2016, mas a internet tem dessas coisas. De vez em quando ressuscitam alguns textos antigos que começam a ser compartilhados à exaustão.

O fato é que me chamou muito a atenção porque eu gosto desse blog e, geralmente, me identifico bastante com os textos ali publicados. 

Não foi o caso dessa vez. Logo que eu bati o olho nesse texto, fiquei incomodada. Principalmente, depois de uma reflexão que tive aqui no parquinho do condomínio. 

Vejam bem, é o parquinho do edifício onde a gente mora, ou seja, não há uma alta rotatividade de crianças. São quase sempre as mesmas. 

Dessa convivência, surgiram algumas amizades. A Gabi, mesmo sendo bem pequena, é muito sociável. Ela chega chegando. Sempre levamos brinquedos para dividir, eventualmente, descemos desprevenidas, mas isso é raríssimo. 

Em todas essas ocasiões, a Gabi SEMPRE tem curiosidade pelos brinquedos das outras crianças. É um consenso entre as mães de que nossos filhos se encantam mais com o brinquedo do amigo porque é "novo". 

Afinal de contas, todo mundo conhece aquele ditado manjado "a grama do vizinho é sempre mais verdinha", certo? Pois aí estão nossas crianças para mostrar que sim! 

Não tenho nenhum problema com que outras crianças brinquem com os brinquedos da minha filha. Aliás, ela mesma oferece-os aos amigos e desconhecidos. 

O importante é ter a troca e esse é o meu ponto. Antes de ensinar o filho a dizer sim ou não quando se trata de emprestar o brinquedo favorito dele, preocupe-se em transmitir a noção de desapego desde pequeno. 

Não sei por quê exatamente a Gabi tem essa atitude. Eu não fico que nem papagaio repetindo como muitas vezes ouço outras mães "Hay que compartir". 

Ela simplesmente é desapegada. Muitas vezes, ela quer o brinquedo de uma criança, ou o biscoito, a pipoca, a batata frita... 

São coisas que eu não compro aqui em casa e ela come muito esporadicamente. Como é novidade, desperta a curiosidade. 

Eu não fico dizendo a ela que ela não pode pedir, que ela não pode querer, digo a ela que ela deve agradecer quando a atendem. 

Mas quando não é possível ter o que ela quer, bem, paciência. Tem choro, briga e reclamação. Mas ela está aprendendo a lidar com as frustrações da vida. 

Agora, é fácil ensinar isso a minha filha, mas quem perde não é ela, mas a outra criança é quem perde a oportunidade de aprender a dividir, a não ser materialista e apegada a coisas. 

Realmente tenho muito orgulho quando vejo a Gabi emprestando voluntariamente os brinquedos dela, sem qualquer insistência da minha parte.

Acredito que é algo dela e talvez ela seja assim justamente porque nós, aqui em casa, não somos em nada materialistas. 

Moramos num apartamento alugado, não temos carro, nem uma casa com muito luxo e conforto. Mas não nos falta nada. Adoramos passear e esse passeio pode ser algo bem simples e, ainda assim, muito divertido. 

Isso não significa que sejamos pessoas acomodadas ou pouco dedicadas aos nossos sonhos. Aliás, não se mede o sucesso de uma pessoa pelos bens que ela possui, mas pela felicidade dela. 

Espero que menos mães pensem que os filhos não precisam dividir os brinquedos quando não querem. Tomara que mais mães ensinem seus filhos e filhas a dividir tudo, sempre, em qualquer hora e lugar.

Porque a vida passa muito rápido para seu filho ficar apegado a um pedaço de plástico, ou de madeira, ou a uma bola. 

Esse texto não tem referências bibliográficas ou científicas. Não sou especialista no assunto, aliás, sou super amadora, mãe de primeira viagem. 

Até mesmo porque acredito que criar um filho é algo tão difícil que cada um faz achando que está fazendo melhor, ou fazendo o que pode, ou não tem a menor ideia, mas mesmo assim está fazendo. 

Para algumas pessoas, nada do que eu escrevi aqui pode ter sentido. Normal. Foi exatamente isso o que senti quando li o tal texto. Você pode concordar ou não, mas não deixe jamais de pensar!

Porque todos estamos criando indivíduos que fazem parte de uma sociedade e, nesse ponto, todos convergimos. Por isso eu escolhi o titulo desse post: os meus, os seus, os nossos filhos. É para eles que deixaremos algo nesse mundo. 


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