Que crônica é essa?

Lembram que eu comentei aqui que estava numa oficina de crônicas? Pois é. Estava. Pretérito imperfeito mesmo. A oficina foi uma decepção, tão grande, que eu nem terminei.

Explico: foi um erro de semântica. Quando me inscrevi na oficina de crônicas pensei que se tratava de literatura.

Acontece que, aqui no Chile, crônica se refere principalmente a um gênero jornalístico. São as reportagens em primeira pessoa.

Antes que vocês digam: ai, que ótimo, Bela, você é jornalista, então, está tudo bem! Nada disso.

Abandonei o jornalismo já tem um tempinho. Estou buscando uma aproximação com a literatura justamente por isso.

Quero seguir por novos caminhos. Adoro escrever! Mesmo que meu blog tenha poucos leitores, sempre quebro a cabeça pensando em algum tema interessante para escrever.

Lembro de alguma história bacana ou divertida para contar. Nem sempre me dedico aos detalhes como fazem os grandes escritores e cronistas.

Por isso, acredito que uma oficina é necessária. Para explorar melhor essa capacidade de contar bem uma história.

Acontece que na faculdade de jornalismo do Brasil, a gente aprende a escrever textos curtos, diretos, objetivos, sem rodeios.

Também nos ensinam que, diferentes das crônicas jornalísticas chilenas, não devemos jamais escrever um relato jornalístico em primeira pessoa.

O texto escrito em primeira pessoa, no singular ou no plural, na tradição jornalística brasileira, é opinativo e, portanto, não tem valor como reportagem jornalística.

No Chile é diferente. Por uma questão de semântica apenas. No fundo, a crônica jornalística nada mais é do que uma reportagem em primeira pessoa.

O jornalista responsável pela oficina é super famoso aqui, trabalhou no principal jornal escrevendo: crônicas de viagem. Eu não conhecia o cara e, por isso mesmo, fui totalmente desavisada.

 A maioria dos participantes eram jornalistas. Quase todos estavam ali para escrever melhor suas crônicas jornalísticas.

A única perdida como eu era uma estudante de Literatura que também ficou bem decepcionada. O grupo era bom, o coordenador da oficina idem, mas não dava pra mim.

Não tenho mais tesão com a atividade de jornalista há muito tempo. Por esta razão fui trabalhar com assessoria. Prefiro mil vezes apagar incêndio do que causar um.

O objetivo da oficina em questão era pensar num tema, obviamente jornalístico e atual, escrever sobre esse assunto uma crônica jornalística. Ah, nem gente!

Fiquei triste porque era uma atividade gratuita na Biblioteca Pública (que é um lugar maravilhoso!), mas sou da opinião que tudo na vida precisa ter algum sentido.

Se você está fazendo algo que não tem sentido, não te diz nada, pense se realmente vale a pena. Temos pouco tempo para gastar com as coisas que não nos dizem nada.

Ontem, vi no twitter outra oficina. Em outra biblioteca de outro espaço cultural. Desta vez, o apelo literário era claro e a palavra crônica não aparecia em nenhuma parte.

Tomara que me selecionem desta vez! Tomara que eu goste, que eu termine a oficina e que seja uma experiência super boa!

Se não der, paciência. Outras oficinas virão!

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