Que negócio é esse?

Quase todos os meus leitores sabem que trabalho como professora de Português no Chile. Meus alunos sempre me pedem dicas de filmes e músicas brasileiras.

Às vezes, eles encontram por conta própria e pedem minha opinião. Atualmente, vários me perguntam sobre o seriado O negócio, no ar na HBO.

Não recomendo para nenhum deles. Além de utilizarem um linguajar com muita gíria e um vocabulário limitado, considero publicidade negativa para o Brasil.

Explico: sou mulher, brasileira, no exterior. Todas nós, aqui, temos fama de puta. O Brasil passou anos vendendo sua imagem com bundas de mulatas sensuais.

Na década de 70, a produção nacional de filmes investiu pesado em putaria.

Nossa maior festa cultural é o carnaval, onde todo mundo bebe muito e dança com pouca roupa.

Nosso principal atrativo turístico são nossas praias, onde estamos todos vestindo quase nada.

É natural que os estrangeiros tenham uma visão parcial da nossa realidade. O que não é legal é um seriado da TV paga que reforça esse esteriótipo.

Pior ainda: que glamourisa a prostituição. Sim, porque o seriado mostra garotas de programa de luxo que só transam com homens ricos e lindos. Sei...

Acho que se for para recomendar um filme sobre prostituição no Brasil fico com o filme "Bruna surfistinha". Bem mais fiel aos fatos.

Em todo o caso, não recomendo nem um, nem outro. Gosto de supreender meus alunos com boas produções que nem sempre ganham espaço em canais como HBO.

Recentemente, fiz uma atividade com eles com um trecho do filme "Dois filhos de Francisco". Não gosto de música sertaneja, mas o filme é muito bom.

Além disso, a cena final quando seu Francisco gasta o salário inteiro em fichas de telefones  tentando emplacar um hit dos filhos na rádio é perfeita pra falar do jeitinho brasileiro.





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