Angelina e seus peitos

Definitivamente, o assunto da semana foi Angelina Jolie e sua mastectomia, a tal cirurgia para retirar os seios com propensão ao câncer de mama.

Claro que foi uma ação coordenada pela assessoria da Angelina não só porque ela é uma personalidade super famosa e tal, mas também pela importância e delicadeza do tema.

Agora estão dizendo que a Angelina está pensando em fazer uma cirurgia para tirar também os ovários, pois teme o aparecimento de câncer.

Eu fiz essa cirurgia, uma ooforectomia. Na realidade, a intenção do meu médico não era retirar um ovário, mas pelo tamanho do tumor, foi necessário.

Sim, eu fiz uma cirurgia para retirar um tumor benigno do ovário. Era um cisto no ovário, causado por uma má formação congênita.

A minha ginecologista depois me explicou que, provavelmente, era um irmão gêmeo que não vingou. E o que sobrou do feto, foi absorvido por mim!

Meio bizarro, mas é a mais pura verdade! O fato é que durante todo o processo o médico foi super claro comigo.

Desde o princípio, ele me explicou que se o tumor estivesse muito grande e se estivesse comprometendo o ovário, teríamos que retirar para evitar riscos maiores.

Também me garantiu que eu poderia ter dez filhos com apenas um ovário. Um amor o doutro Marcelo Martins.

Passei por todo esse processo bem tranquila e confiando no meu médico. A cirurgia foi um procedimento simples feito no ambulatório do hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre.

Lembro que eu tinha o plano de saúde do Ipe, que é o sistema público de saúde dos gaúchos, e tive que pagar pelo aluguel da câmera de vídeo que o médico utilizou.

Fizemos uma videolaparoscopia, então, não tenho quase nenhuma marca da cirurgia. O médico fez uns furinhos no umbigo e na altura da bacia, nos dois lados.

Apesar de simples, esse procedimento exige anestesia geral e esse foi o meu grande temor. Todo mundo teme uma anestesia geral.

Em nenhum momento, manifestei esse temor. Guardei toda a tensão e fui em frente, encarando o que tinha que enfrentar.

Depois, o médico me contou que quando acordei da anestesia, eu chorava como um bebê! Lembro apenas que eu sentia muito frio!

Lembro que nessa mesma época meu pai estava em tratamento por conta do câncer que ele teve, um linfoma.

Numa ocasião, a gente se encontrou quando ele saía do oncologista dele e eu chegava para mais uma consulta com o meu gineco, no mesmo centro clínico.

Meu pai morreu de câncer e, como tive esse histórico, sempre faço exames completos quando vou à ginecologista.

Por que é que estou contando tudo isso e por que fui meter os peitos da Angelina Jolie nessa história?

Porque tenho certeza de que histórias como essa são mais comuns do que a gente imagina ou tem conhecimento.

A história da Angelina foi midiática pela personalidade dela, nem tanto pelo assunto. Lembrei bastante do que vivi, mas não fiquei sensibilizada com o relato dela.

Porque sei que existem muitas mulheres que passam por isso e sobrevivem com menos recursos que eu e a Angelina. Essas mulheres sim merecem minha admiração.