Em busca do visto

Viver em outro país é sempre uma experiência intensa. Se a gente tem um pouco de sensibilidade, leva pela menos boas histórias para contar.

Eu já tinha morado no Chile, em 2010, quando vim como estudante. Naquela ocasião, encaminhei o visto no Brasil e foi muito rápido o trâmite.

Dessa vez, solicitei o visto aqui mesmo. Assim como aconteceu na primeira vez, precisei ir ao departamento responsável pela emissão do visto.

Por se tratar de um servico público com muita demanda, a fila era inevitável. Uma amiga brasileira já tinha me recomendado levar um livro para ler durante a espera.

Levei um jornal e terminei de ler bem antes das três horas que fiquei aguardando o meu número ser chamado.

Nesse meio tempo, como gosto de conversar, não consegui evitar e puxei conversa com algumas das mulheres que sentaram ao meu lado nessa longa espera.

Uma delas, peruana, me contou que trabalhava numa casa de família, portas adentro, como dizem aqui. Ou seja, ela trabalha e mora na casa.

É a popular empregada doméstica brasileira. O caso dela me chamou a atencão. Ela e o marido trabalham e vivem no Chile.

Pretendem ficar dois anos, juntar dinheiro e voltar para o Peru, onde querem montar um negócio próprio.

Detalhe: os quatro filhos, com idade entre oito anos e 9 meses, ficaram no Peru, morando com a avó paterna.

Fiquei impressionada com a coragem desse casal e o desprendimento. A necessidade te faz suportar distâncias terríveis, saudades mortais...

Alguém pode achar cruel deixar os filhos, inclusive um bebê, esperando. Acho que é uma triste realidade que algumas pessoas precisam enfrentar para prosperar na vida.

Não é fácil viver e trabalhar em outro país. Além da saudade da família, os costumes diferentes e a própria cultura são um grande aprendizado.

Nós duas comentamos sobre a comida chilena, que certamente não é das mais saborosas, ainda mais para quem vem de países com boa gastronomia, caso do Peru.

Mas isso a gente tira de letra. É fácil inventar novas receitas, acostumar-se com outros sabores e aromas.

Difícil mesmo é viver tanta coisa diferente longe de quem a gente ama. Por sorte, estou ao lado do meu amor nessa nova fase da vida. E, claro, espero a visita dos amigos e da família, porque ninguém é de ferro!

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