Como sobreviver ao inferno astral


Se existe inferno astral, espero que o meu termine nesse domingo porque estou enlouquecendo!

Uma tosse alérgica horrível me pegou, mal consigo falar. A garganta é um dos primeiros órgãos afetados quando nós, taurinos, estamos mal.

Faz sentido, com tanta coisa entalada aqui, sem poder conversar, nem desabafar com ninguém, o que me resta é o blog para escrever e desopilar.

Houve um tempo da minha vida em que eu dedicava alguns minutos para escrever poesia e coisas boas no blog, mas também passei por momentos difíceis e essa foi uma excelente válvula de escape.



O pior dia das mães


Meu dia das mães foi muito ruim. Não ganhei café da manhã na cama, almoço, chá da tarde, nem bolo, nada.

Quando reclamei, ainda tive que ouvir que ganhei os parabéns no dia oficial. Aqui no Chile, o dia das mães é o dia 10 de maio (foi na quinta).

Mas não valeu também porque eu estava sozinha com a Gabi. Fiquei a semana toda com ela e foi bem puxado.

Além de não ter nenhuma pessoa para dividir as tarefas diárias, não tinha com quem conversar, ou desabafar.

Era correria mesmo. Mal dava tempo de trabalhar, cuidar da Gabi, da casa, de mim... O resultado está aí.



Sem chance


Claro que quando me queixei da sobrecarga tive que ouvir no fim do meu glorioso domingo uma delicada comparação entre eu e outra mãe.

Segundo o Cristian, no voo dele de volta da Antártida (sim, ele ficou uma semana fora a trabalho), a mulher de um oficial estava viajando sozinha com duas crianças.


Apesar dele mesmo ter reclamado antes do menino inquieto no voo (não era um avião comercial), ele disse que ela se virou super bem cuidando dos dois filhos.

E que eu fiquei uma semana sozinha com a nossa filha e parecia que estava vivendo um inferno. Foi essa palavra que ele usou. 




Sem vida profissional 


Na semana passada também terminei um projeto de trabalho que me consumiu bastante, física e emocionalmente.

Me tiraram no meio da história porque sou brasileira (queriam uma pessoa de nacionalidade chilena para a vaga) e mãe (queriam uma pessoa disponível o dia inteiro).

Foi bem desagradável. Por isso, esse dia das mães já estava sem sentido para mim. Porque eu penso que desde que me tornei mãe várias portas se fecharam para mim em vários aspectos da vida.

Não apenas na questão profissional, mas a vida acadêmica também ficou inviabilizada, vida social idem, enfim, a gente se acostuma a escutar muito não depois da maternidade.



Longe demais


Além dessa questão, em abril, minha mãe completou 70 anos e eu não pude estar presente na linda e merecida comemoração que minhas irmãs organizaram com muito carinho e amor.  

Na semana passada também descobri que uma pessoa muito querida está bastante doente e fiquei super triste por não estar por perto para dar um beijo e um abraço.

Hoje é o aniversário de uma das minhas irmãs e também não vou poder dar os parabéns em pessoa. Assim como perdi a festinha de aniversário da minha sobrinha semana passada.

É, parece que o inferno astral realmente existe e esse é o meu! Estou bem chorona, mas acho isso bom porque é uma maneira de não guardar nada.



Cada um tem seu jeito de lidar com as dores e frustrações. Para mim, o choro sempre funcionou bem.

Quando não tem mais nenhum outro jeito de lidar com as contingências da vida, a gente chora.

Depois, limpa o rosto e as lágrimas e pensa no que é possível mudar ou não. Tem coisas que nunca mudam, outras a gente consegue aceitar melhor.

Há outras, ainda, que precisamos enfrentar e mudar. Por enquanto, ainda estou no primeiro estágio. Quando o coração acalmar e a angústia passar, a gente vê o que faz.

Porque enquanto estou aqui digerindo dores o mundo não para e quando passar essa tempestade, como diz minha querida amiga Stela, “vida que segue”.



***
Usei peças gráficas de uma página que eu sigo no Facebook, Militância Materna. Ontem, eles estavam com uma campanha bem legal e original: feliz dia do… Vejam e reflitam!

Comentários

  1. Oi Bela, como vai? Vi um post seu no Brasileiras pelo mundo e vim aqui dar uma olhadinha no seu blog. Muito legal a maneira como vc escreve, to curtindo muito cada post seu sobre a vida no Chile, visto que eu tb moro aqui e me identifiquei em varios posts. Eu ñ sou casada e nem tenho filhos, mas me chamou atencao esse texto, pela questao patriarcal que sinto muito forte aqui no Chile. Terminei um relacionamento com chileno por ñ suportar a maneira como ele comecou a me tratar, antes eram só flores. Mas aconteceu como uma amiga brasileira que namorava chileno tinha me dito, eles te conquistam, e depois quando esta apaixonada, colocam as garrinhas de fora. Complicado né? Ainda assim sei que existem exceções, por isso ainda busco um namorado chileno, rs. Mas me solidarizo com sua vivencia, sei q ñ é fácil, princilpamente por que as vezes só queremos ter alguem para desabafar. Abracos! Carla.

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    1. OI Carla, desculpe demorar tanto em responder, andei bem relapsa com o blog. Você continua por aqui? O Chile passou por muita coisa nesses últimos tempos e teve uma explosao de protestos das mulheres especialmente. Pelo visto, nao somos apenas nós que sentimos tao forte a estrutura da sociedade patriarcal! Beijo grande e obrigada pelo teu comentário

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