A casa dos encontros

O ano recém começou e já estou fechando ciclos. Dessa vez, é com a terapia. Adoro o processo terapêutico. Curto bastante esse encontro comigo mesma.

Mas tem momentos em que a gente precisa parar como agora. Estou com sete meses de gravidez. A Gabriela se mexe e cresce a cada dia na minha barriga.

Ela vai ter toda a minha atenção e seria impossível e frustrante conciliar coisas tão distintas num momento bem especial.

Mas eu não estou triste, pelo contrário. A terapia me fez muito bem aqui no Chile. Meu terapeuta foi um presente de Deus nessa longa jornada chilena.

E hoje, durante a minha sessão, uma vez mais tive um momento tão emocionante... Estávamos conversando a respeito da minha viagem a Porto Alegre no mês passado.

Me lembrei de um dos momentos mais especiais que acabou passando despercebido nos meus relatos para os amigos.

No meu último domingo, eu, a mãe e uma das manas estávamos prontas para sair de casa e, de repente, chega um grande amigo do meu pai para nos visitar.

Não era qualquer amigo. Era o tio Reinaldo, guatemalteco, que morou durante anos em Porto Alegre e depois voltou ao seu país de origem.

Ele andava viajando pela América do Sul e estava hospedado num hotel no centro da cidade. Pegou um ônibus e, juntando as poucas lembranças que tinha, foi perguntando a quem podia sobre como chegar na nossa casa.

Ele tinha uma vaga lembrança da rua, da casa, do lugar. Por intuição, desceu na parada certa e perguntou a um vizinho que vinha caminhando pela rua se ele não conhecia a nossa família.

“Conheço sim. É nessa casa aí. O senhor tem sorte porque elas estão em casa”, respondeu meu simpático vizinho.

E assim ele nos encontrou. Entrou, conversou, sentou no sofá e se emocionou.

Hoje, na terapia, fui eu quem se emocionou ao lembrar esse evento. Porque a casa da mãe é para mim um lugar de encontro e reencontro.

É o meu porto seguro. A casa já passou por muitas reformas, mas continua ali.

E mais do que a casa, o que faz desse lugar um ponto de encontro são as pessoas que moram na casa.

Nossa família também já enfrentou muitas intempéries e continuamos firmes. Nosso amor só cresce, aumenta, como essa vida que a cada dia ganha mais peso e forma dentro de mim.




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