Old lady step


Dia desses, vivi uma situação surreal. Dessas que a gente só escuta em piadas ou conversa de bar. Ajudei uma velhinha a atravessar a rua!

Mas uma velhinha de verdade, corcunda, com cabelo branco, casaquinho e bengala! Ela estava saindo do táxi com a maior dificuldade.

Me deu pena e resolvi ajudar. Quando ela conseguiu firmar o pé na calçada, me olhou com aqueles olhinhos esbulhados de gatinho do Shreck e pediu:

“Hija, me ajuda a atravessar a rua?”, como dizer não? Peguei a véia pelo braço e parti para a minha missão quase impossível.

Pense numa velhinha que caminhava beeeeeeeeeeeeeeeem devagar. Olhei para a esquina e calculei que seria impossível caminhar com ela até o semáforo.

Atravessamos ali mesmo, segundos antes do semáforo abrir e os carros avançarem em nosso direção.

Enquanto ela dizia como eu era linda e que iria rezar por mim, eu agradecia e dizia “que é isso, tia”, pensando em como tínhamos sorte em não sermos atropeladas as duas!!!

Conseguimos atravessar a rua, uma movimentada avenida aqui do Centro de Santiago, e chegamos a uma casa, que, segundo a velhinha, era onde ela trabalhava. Sei, pensei comigo.

Mas a história não terminou aí. Quando ela pisou na calçada, no outro lado da rua, me olhou com aqueles olhinhos novamente e pediu: me dá um beijinho!

Gente, que coisinha fofa! Claro que dei um beijinho na vovozinha. E voltei pra casa pensando em como vivemos numa sociedade muito maluca!

Gentileza virou coisa do passado. As pessoas são invisíveis... Aqui, em Santiago, o celular é uma praga, um vício...

Você entra no metro e as pessoas, mesmo quando estão com mais alguém, estão revisando um chat pelo celular e comentando...

Falta assunto. Falta amor. Falta tudo. Falta o mínimo.

Nesse ritmo, não sei onde vamos parar. Caminhando no passinho da veinha, a gente poderia ter mais chances de um futuro melhor.

Comentários

  1. Vou ter que publicar essa historinha que recebi da minha amiga Bia por email. Está muito boa:

    "Há alguns meses, um casal de passarinhos (curió?) resolveu fazer seu ninho e vigiá-lo belicamente bem no meio do caminho entre a padaria e o bloco onde moro (só há uma calçada, não há como desviar). Eram rasantes tenebrosos que sempre terminavam com uma bicada na cabeça, bem no "cocoruto". Eles ainda eram "covardes", pois atacavam pelas costas! As crianças já se divertiam e contavam quantos rasantes os passarinhos davam nos pedestres. Arthur uma vez contou 6 ataques a um pobre senhor.
    Por mais que alguns já relatavam ter visto "sangue" nas carecas mais lisinhas, os ataques do casal produziam mais um susto do que dor. Entretanto, eu ficava apavorada com medo dos bichos e evitava a todo custo ir à padaria nesse período. Certa vez, sem ter como protelar, dei a volta na entrequadra para comprar pão. Na saída da padaria encontrei uma vizinha de quem gosto muito e, apesar de bem ativa, já é uma senhora bastante idosa, deve ter seus 90 anos. E lá ia a velhinha pelo caminho dos "angry birds" e numa prosa daquelas da qual eu não pude escapar para desviar do caminho. Pensei comigo, nessa toada vou levar umas 20 bicadas pois não vou poder sair correndo abandonando a velhinha indefesa. E lá fui eu para o sacrifício, já alertando minha vizinha: a senhora já viu esses passarinhos.... Nem precisei terminar, ela já sabia de tudo, que era um casal, que os ovinhos já haviam chocado, que logo os bichinhos já iam levantar voo ... E eu apavorada, a dois passos do primeiro ataque: e a senhora não tem medo? Eles não te machucam? (para minha surpresa, ela estava mais do que preparada) Não minha filha, já estou acostumada e trago a sombrinha! Prontamente ela abriu um guarda-chuva e lá fomos as duas, protegidas do ataque aéreo...".

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  2. Bela,

    Saudadades de você... é sempre muito bom ler suas histórias. Com anda a vida menina?
    Por aqui tudo nos conformes.
    Beijos,
    Maisa

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  3. Saudades também Maísa! Por aqui, tudo bem. Curtindo a vida mais tranquila e a nova rotina de professora de Português! Beijos

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  4. Belinha, que fofa a história da velhinha! Tua história me lembou "A Era da Loucura". Por acaso tem alguém mais feliz por estar tão imerso nesse mundo doido? Pois é, não tem. Beijão, querida!

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  5. Bah, Myla, A Era da Locura é realmente um ótimo livro! a humanidade deveria ler! Beijao

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  6. Lembre da abuelita Tere quando estive na Guatemala e tivemos que pegar um onibus que mal dava pra se mexer.A abuelita veio de pé todo o caminho....tadinha...

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  7. Ai, tadinha, Mili! Vida de abuelita nao é fácil mesmo! Que bom que tens essa história com ela para lembrar! Beijo

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