Dias de luta, dias sem glória

Estou de volta a Porto Alegre depois de dois meses intensos de muito trabalho. Infelizmente, meu candidato não foi eleito prefeito.

Não consegui ficar triste ou deprimida porque sei que toda nossa equipe fez um belo trabalho. Além disso, lutamos contra uma máquina que compra votos com dinheiro público.

Minha tranquilidade absoluta veio no dia seguinte ao das eleições quando fui visitar meu candidato. De tênis, calca jeans e camiseta, ele tomava um chimarrão no seu comércio.

Perguntei a ele como estava e ele respondeu muito sereno: estou tranquilo, não comprei nenhum voto.

Fiquei muito impressionada com as velhas práticas da política feia que observei nessa campanha eleitoral.

Quando voltei de Brasília, queria trabalhar na campanha, sentir novamente a efervescência política, as bandeiras tremulando na rua, as pessoas gritando e cantando com entusiasmo.

Ignorei o lado feio da política. De quem se aproveita da miséria para ganhar votos em troca de cesta básica, de uma cerveja, de uma pedra de crack, de um saco de cimento.

Fiquei chocada com a juíza do município que liberou as pessoas da exigência de votarem com documento com foto, como exige a lei brasileira.

Ainda bem que essa baixaria ficou para a reta final. Durante toda a campanha, tivemos momentos de muita alegria e entusiasmo.

Nossa campanha foi limpa, honesta e fizemos uma expressiva votação sem precisar utilizar velhas práticas da politicagem.

Ficou aquele sentimento de alegria pelo trabalho em equipe e pelas pessoas que conheci, além do cansaço, pela correria e a tensão dos últimos dias.

Foi muito lindo viver tantos sentimentos com tremenda intensidade. Agora, é hora de colocar a energia na nova mudança e preparar o caminho para a próxima parada: Chile!