People are strange

Esse trabalho na campanha vai deixar muitas lembranças e várias histórias para contar. Algumas divertidas, outras deprimentes e muitas delas bizarras.

Entre as mais esquisitas está o evento de ontem. Parada, na frente do hotel, esperando minha carona para mais uma noite de trabalho, um carro estacionado em frente abre a janela.

O sujeito lá de dentro me cumprimenta e eu respondo educadamente, pensando que ele vai pedir alguma informação ou coisa do tipo.

Não é nada disso. Na maior cara de pau ele me pergunta: quer fazer programa? Eu, pasma, pergunto: o que? E ele repete.

Por alguns segundos não consigo assimilar o que está acontecendo. E novamente estarrecida pergunto: o que?

Quando ele se dá conta de que cometeu um tremendo erro, fecha a janela e arranca o carro. Demorou um tempo para entender o que tinha acontecido.

São situações como essa que fazem a gente se sentir muito mal num lugar estranho. A única coisa que supera são os comentários dos nativos com relação a quem vem de fora.

Não importa de onde você venha, quando você vem de outro lugar, sempre tem algum comentário do tipo: você não e daqui né?

Sempre. São poucas as pessoas que saem pelo mundo, desbravam, se expõem às mais bizarras situações (basta ler o início do texto), mas é justamente essa característica que salta aos olhos dos xaropes de plantão.

Eles estão em toda a parte. Comecei a trabalhar muito nova, numa cidade fora de Porto Alegre, e desde aquela época é sempre assim.

Já mudei de cidades várias vezes, trabalhei nos mais diversos lugares, sempre rola isso com quem chega chegando. Normal.

Aliás, dia desses encontrei com uma amiga que me confortou muito sobre as críticas que recebemos no trabalho diariamente: é sempre assim, todos sabem como fazer melhor que você, disse ela.

Afinal, as pessoas querem ser ouvidas. Elas têm opiniões, sugestões e quando elas compartilham com a gente querem mesmo que a gente aprecie aquela ideia.

Esse período de transição entre Porto Alegre e Santiago está me preparando para muita coisa... Espero de verdade aprender com tudo o que estou vivendo e com todas as pessoas ao meu redor.

Espero mais ainda: que a vida não leve o meu entusiasmo, meu otimismo e minha fé no ser humano. Apesar de tanta gente chata e doida nesse mundo!

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