O Chile mais chileno do que nunca
O mundo inteiro acompanhou ligado na televisão o resgate dos 33 mineiros que sobreviveram durante 2 meses embaixo da terra.
Foi um evento midiático, emocionante, inesquecível... Confesso que no início, fiquei tensa, com medo de que algo pudesse sair errado.
Não consegui me emocionar quando saiu o primeiro mineiro, nem no segundo que fez a maior festa.
Pensei comigo: vai ver eu não tenho essa relação de afeto com o Chile como eu imaginei.
Justo eu, que sou uma manteiga derretida, choro por tudo, fiquei ali, firme e forte, acompanhando a chegada de cada homem ä superfície como se eles estivessem voltando das compras no supermercado...
Mas eis que hoje de manha, quando finalmente o mundo ficou sabendo que a operação estava encerrada, que todos conseguiram escapar com vida, desabei a chorar.
Foi o choro contido, do alívio, pelo fim da tensão, do medo e da angústia.
Lembrei de quando fiz uma cirurgia há uns anos atrás. Agüentei firme todo o processo até o fim, sem chorar em nenhum momento.
Foi somente quando voltei da anestesia geral que desabei a chorar como um bebe. Eu mesma nem lembro de nada, mas quem me contou foi o médico que me operou.
Sofri com a situação desses mineiros. Acompanhei bastante o resgate porque a TV transmitiu em tempo real.
Parte do resgate vi no trabalho. Outra parte, enquanto aguardava atendimento num posto da receita federal, tentando não pensar em qual seria o motivo para ser intimida pelo fisco...
O fato é que acredito que esses mineiros sobreviveram porque todos nós, seres humanos, somos movidos por nossas paixões.
Paixões pela família, pelo time de futebol, pela amante, pela sua crença espiritual... Cada um deles demonstrava isso quando saia da cápsula.
É verdade que os chilenos são bem contidos quando se trata de demonstrar afeto. Acredito que todo mundo percebeu isso.
Se fossem 33 brasileiros saindo daquela situação, certamente, a celebração seria diferente e talvez demoraria mais tempo ainda para concluir a operação.
O fato é que, em 2010, os chilenos tiveram grandes oportunidades para demonstrar a sua paixão pelo Chile.
Acompanhei dois desses momentos: logo após o terremoto, el 8.8, e também durante a Copa do Mundo.
Os chilenos ficaram muito abalados pelo terremoto e aquele evento despertou um sentimento de chilenidade muito forte.
Com a Copa do Mundo, outra vez, os chilenos tiveram a oportunidade de sacudir as bandeiras chilenas nas ruas.
E agora com essa tragédia na mina San Jose, novamente, os chilenos manifestaram sua paixão pelo país.
Eles ainda não se recuperaram de todos os estragos do terremoto que atingiu de maneira muito forte o sul do país.
Também não conseguiram avançar na Copa do Mundo. Foram parados pelo Brasil bem antes do meio do caminho.
Agora, os chilenos precisam recuperar o dinheiro investido no norte do país para salvar a vida de 33 trabalhadores que foram, literalmente, engolidos pela terra.
Não é uma tarefa fácil. Quem mais se beneficiou com todos esses eventos foi o presidente deles, Sebastián Piñera. O cara saltou dos 3% de popularidade para 57%.
Antes da tragédia de Copiapó, Piñera era chamado de Piraña. Agora, Piñera vai virar o Papito dos chilenos.
Como diria o presidente deles, Viva Chile, mierda!
***
Para quem não sabe, agora, tenho uma televisão em casa. Presente da Marcinha. Valeu!
Foi um evento midiático, emocionante, inesquecível... Confesso que no início, fiquei tensa, com medo de que algo pudesse sair errado.
Não consegui me emocionar quando saiu o primeiro mineiro, nem no segundo que fez a maior festa.
Pensei comigo: vai ver eu não tenho essa relação de afeto com o Chile como eu imaginei.
Justo eu, que sou uma manteiga derretida, choro por tudo, fiquei ali, firme e forte, acompanhando a chegada de cada homem ä superfície como se eles estivessem voltando das compras no supermercado...
Mas eis que hoje de manha, quando finalmente o mundo ficou sabendo que a operação estava encerrada, que todos conseguiram escapar com vida, desabei a chorar.
Foi o choro contido, do alívio, pelo fim da tensão, do medo e da angústia.
Lembrei de quando fiz uma cirurgia há uns anos atrás. Agüentei firme todo o processo até o fim, sem chorar em nenhum momento.
Foi somente quando voltei da anestesia geral que desabei a chorar como um bebe. Eu mesma nem lembro de nada, mas quem me contou foi o médico que me operou.
Sofri com a situação desses mineiros. Acompanhei bastante o resgate porque a TV transmitiu em tempo real.
Parte do resgate vi no trabalho. Outra parte, enquanto aguardava atendimento num posto da receita federal, tentando não pensar em qual seria o motivo para ser intimida pelo fisco...
O fato é que acredito que esses mineiros sobreviveram porque todos nós, seres humanos, somos movidos por nossas paixões.
Paixões pela família, pelo time de futebol, pela amante, pela sua crença espiritual... Cada um deles demonstrava isso quando saia da cápsula.
É verdade que os chilenos são bem contidos quando se trata de demonstrar afeto. Acredito que todo mundo percebeu isso.
Se fossem 33 brasileiros saindo daquela situação, certamente, a celebração seria diferente e talvez demoraria mais tempo ainda para concluir a operação.
O fato é que, em 2010, os chilenos tiveram grandes oportunidades para demonstrar a sua paixão pelo Chile.
Acompanhei dois desses momentos: logo após o terremoto, el 8.8, e também durante a Copa do Mundo.
Os chilenos ficaram muito abalados pelo terremoto e aquele evento despertou um sentimento de chilenidade muito forte.
Com a Copa do Mundo, outra vez, os chilenos tiveram a oportunidade de sacudir as bandeiras chilenas nas ruas.
E agora com essa tragédia na mina San Jose, novamente, os chilenos manifestaram sua paixão pelo país.
Eles ainda não se recuperaram de todos os estragos do terremoto que atingiu de maneira muito forte o sul do país.
Também não conseguiram avançar na Copa do Mundo. Foram parados pelo Brasil bem antes do meio do caminho.
Agora, os chilenos precisam recuperar o dinheiro investido no norte do país para salvar a vida de 33 trabalhadores que foram, literalmente, engolidos pela terra.
Não é uma tarefa fácil. Quem mais se beneficiou com todos esses eventos foi o presidente deles, Sebastián Piñera. O cara saltou dos 3% de popularidade para 57%.
Antes da tragédia de Copiapó, Piñera era chamado de Piraña. Agora, Piñera vai virar o Papito dos chilenos.
Como diria o presidente deles, Viva Chile, mierda!
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Para quem não sabe, agora, tenho uma televisão em casa. Presente da Marcinha. Valeu!
Bela, eu fiquei emocionado quando saiu o primeiro chileno,
ResponderExcluirmas a partir do segundo comecei a ficar desconfiado.
Tudo estava certo demais, perfeito demais, planejado demais.
Tudo estava limpo demais, bonito demais,
azul, vermelho e muito bem iluminado demais.
Foi um show! O deserto virou um palco.
São imagens que vão estar nas retrospectivas do milênio.
24 horas de transmissão perfeita.
Piñera sorridente e cheio de frases prontas e sem “textos de Pedro Bial”
Os Brothers, digo mineiros, ganhando prêmios e exaltando o governo.
Um nacionalismo avassalador, assustador.
Enfim...
Isso me lembrou de um bombeiro que um dia “por acaso” estava filmando um reparo numa tubulação na cidade de Nova Iorque quando “de repente” ouviu um barulho.
E “sem querer” ou “por puro instinto” apontou a sua câmera exatamente para o World Trade Center.
É verdade... O resgate dos mineiros foi um episódio típico da sociedade do espetáculo. Vamos lembrar por siempre!
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