Nossas mini férias de inverno na pandemia no Chile

A pandemia mudou totalmente a nossa vida, desde pequenos hábitos cotidianos como usar a máscara todos os dias e lavar as mãos com frequência, até outras mais complexas como, por exemplo, nossas viagens. Faz tempo que eu não sei o eu é subir num avião e, por enquanto, não tenho pressa. Nossas viagens têm sido sempre curtinhas, logo ali, e de carro. 


Foi assim nas férias de inverno da Gabi. É verdade que não tínhamos planejado uma grande viagem, mas foi menor do que a gente imaginava na realidade. O Cristian não conseguiu muitos dias no trabalho já que eles são cada vez menos no setor de fotografia. Sinal dos tempos da pandemia...


Por outro lado, também vivi uma situação difícil no meu trabalho. Eu e meu chefe nunca tiramos férias juntos porque, diferente dos meus colegas que levam outras contas, a que eu trabalho flui melhor quando estamos pelo menos um de nós. Desse vez, meu chefe estaria com as filhas dele justo na semana em que o Cristián conseguiu os dias e eu sabia disso.


Mesmo assim, pedi meus dias, sabendo que poderia ouvir um não, mas – como sempre acontece – meu chefe foi um gentleman e deixou eu tomar meus dias com minha família, abrindo mão do merecido descanso dele com a namorada e as filhas. Sou eternamente grata porque foi um gesto muito legal e um reconhecimento da minha dedicação e disponibilidade sempre que precisam de mim no trabalho.


Conseguimos uma cabana na montanha pelo Airbnb, um lugar super lindo e aconchegante. Nossa ideia era passar o dia na neve e descansar à noite para no outro dia voltar parando em alguns lugares. Acontece que na ida um tremendo engarrafamento nos fez mudar os planos. Por causa de reparos que estavam fazendo na rodovia, resolvemos ir direto para a cabana, descansar e, no dia seguinte, sair bem cedo para a montanha.



A Gabi queria ver neve e sabíamos que só tinha neve lá no alto. Para chegar sem estresse e poder curtir sem tanta gente, precisávamos calcular bem. Muita gente, obviamente, optou por ir a San Jose de Maipo, na região metropolitana de Santiago. É um destino turístico e, como fica pertinho, acaba sendo a opção óbvia.


O problema é que a gente não gosta de multidão, tem pessoas que não se importam, mas nunca curtimos, menos ainda com a Gabi. Quando vimos o engarrafamento monstruoso na estrada imaginamos como estaria lá em cima. Por isso, paramos na cabana e foi uma gratíssima surpresa! O lugar era encantador!


Aproveitamos para fazer uma trilha dentro mesmo do terreno, que era gigante. Seguimos a dica da dona da cabana e caminhamos até o pé da montanha. Foi até onde conseguimos chegar na realidade porque em janeiro teve um aluvião na região. Pudemos ver o resultado no terreno que ficou bem acidentado e, inclusive, algumas cabanas foram destruídas pela água. Impressionante a força da natureza. 


A mudança de planos acabou permitindo que a gente curtisse mais a cabana o que veio a calhar porque afinal o valor que pagamos compensou totalmente. Nossa cabaninha era pequena, com apenas um dormitório, mas tinha chaminé à lenha e uma banheira de hidromassagem no banheiro. Isso mesmo!


Quando caiu a noite, acendemos a chaminé, curtimos a jacuzzi e descansamos para, na manhã seguinte, pegar a estrada cedinho. O caminho para a montanha, geralmente, tem muitas curvas, então, para a Gabi costumo dar umas gotinhas para amenizar os efeitos da altitude e o mal-estar que a viagem pode provocar. 


Quando ela era bebê fizemos uma viagem dessas com a minha mãe e a Gabi vomitou horrores! Ela também passou mal quando fomos ao Valle del Elqui porque eu esqueci de dar as gotas na volta. Depois dessa, nunca mais vacilo. Por sorte, como era cedo, ela dormiu numa parte do trajeto, tanto na ida, quando na volta.


A viagem foi tranquila porque, obviamente, com frio nem todo mundo tem ânimo e disposição para encarar a estrada cedo. Além disso, como estávamos na metade do caminho, o trajeto era muito menor do que vir desde Santiago. Quando chegamos, tivemos que esperar um pouco na fila com outros carros.


Fomos até as Termas Valle de Colina, que eu não conhecia. A gente costumava frequentar as Termas del Plomo, mesmo no inverno, mas o acesso fica fechado no inverno. Isso aconteceu depois que uma família teve que ser resgatada no caminho porque ficou presa numa nevasca. Para piorar, logo depois a estrada, que também leva ao Embalse El Yeso, foi palco de uma tremenda tragédia quando duas crianças brasileiras morreram num acidente durante um passeio na neve.


Hoje em dia, as pessoas podem ir até certo ponto e dali, estacionam o carro e podem chegar ao Embalse caminhando. Como nossa ideia era tomar banho nas termas e ver neve, sabíamos que precisaríamos chegar bem longe. As Termas de Colina ficam bem mais adiante.


No dia anterior, mandei um WhatsApp perguntando tudo: horários, valores, estrutura. Eles responderam que abriam a partir das 9:00 da manhã e que cada pessoa pode estar no máximo três horas no local. A entrada custa oito mil pesos chilenos e crianças pagam metade desse valor. O local está equipado com banheiros e eles recomendam levar lanche, toalhas e chinelos para transitar pelas termas. 


Entramos e o espaço era ok, porém, pouco tempo depois que entramos começaram a chegar muitas pessoas. Nem todo mundo tem coragem de entrar nas termas por causa do frio. São termas que ficam em meio às montanhas nevadas, então, sim, é preciso coragem. Escolhemos uma piscina que não tinha muita gente porque obviamente não era a mais quentinha. Melhor assim. Tudo para evitar a aglomeração de pessoas que surpreende por conta das restrições que ainda estão em vigor no Chile.


Quando viajamos, ainda estávamos em fase 2, mesmo assim, tinha muita gente! Na hora de sair, a Gabi chorou porque realmente é um choque! A gente preferiu se vestir no carro porque a essa altura tinham várias pessoas. O único controle que eles têm depois que os visitantes entram é a identidade que fica na recepção, mas fora isso, acho bem difícil controlarem a permanência por no máximo três horas.


No caminho de volta, tinha muito mais gente na estrada e, obviamente, muito mais carros. Algumas pessoas não têm paciência, nem experiência na estrada e por causa do comportamento de motoristas assim, a viagem fica meio estressante. Fomos no nosso ritmo, sem pressa.  


Paramos pouco depois da saída das termas, a Gabi vestiu o traje de neve e brincou um pouco como ela queria. A neve estava um pouco dura porque faz tempo que não chove por aqui. Mas pelo menos tinha neve! Ela tem tanta sorte que encontramos uma família brincando e eles deram de presente para a Gabi um par de luvas.


A gente tinha ficado de comprar no caminho e acabamos esquecendo. As luvas são um item indispensável para brincar com a neve sem se preocupar em congelar os dedos e molhar as mãos! Não tava nada frio, o que ajudou também a curtir a aventura congelada.


Terminado o momento Frozen, subimos novamente no carro e encaramos a estrada. A Gabi dormiu no caminho. Estava exausta, coisa raríssima porém esperada depois de acordar cedo, brincar nas termas e na neve. 


Almoçamos no caminho de volta no mesmo restaurante que paramos na volta da nossa viagem de verão, La Queña. É ótimo para quem quer comida chilena e caseira. Os preços estavam mais salgados que no verão, mas era de se esperar... Dali seguimos viagem para Santiago onde terminamos nossa aventura descansando e preparando tudo para no dia seguinte seguir viagem. Dessa vez, o destino era a região de O’Higgins, onde minha sogra mora.


Aproveitamos para tirá-la de casa e passear com ela rumo a Coya, uma cidade mineira. Não tem nada demais, é um povoado pequeno que fica no caminho para as Termas de Cauquenes e da Reserva Nacional Rio de los Cipreses. Mas o visual é lindo e as estradas estão em boas condições. 


Foram apenas três dias e apesar da Gabi ter me pedido para que fossem quatro lá na montanha, ela terminou adorando a aventura e voltou com várias histórias para contar e fotos para mostrar. 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sobre o 20 de setembro no Rio Grande

Feriados e datas importantes no Chile: confira o calendário e programe-se!

20 anos sem meu pai