Esse tal amor materno
Esse fim de semana foi feriadão aqui no Chile. Não me perguntem qual era o motivo! Se nem os chilenos
sabem, imaginem eu!
O fato é que na sexta fomos a um aniversário de
criança aqui em Santiago. O filho de uma amiga muito querida completou cinco
anos.
Ele pediu para a mãe dele um bolo com o número cinco.
Não com uma vela, ou balinhas formando o algarismo. Ele queria o bolo em forma
de um número cinco.
Isso mesmo! Um baita pedido que não podia deixar de ser
atendido e lá se foi minha amiga madrugada adentro na cozinha.
Junta daqui, monta de lá, ela conseguiu! O bolo ficou
lindo e era exatamente o que ele pediu: o número cinco!
Achei um gesto tão lindo, tão amoroso, tão carinhoso,
tão tudo mesmo que me lembrou demais a minha infância e a minha mãe.
Não posso falar absolutamente nada que desabone a
minha mãe porque ela simplesmente foi incrível com a gente desde sempre!
Mãe você é mil!
Minha mãe também fazia bolos de aniversário super
elaborados, exatamente como o da minha amiga. Eram aqueles de revistinha de
culinária, que hoje se encontram na internet!
Lembro que uma vez ela fez um bolo quadrado e, em cima, tinha uma casinha com o telhado feito de palitinhos de chocolate.
E, claro, tinha que ser um bolo grande porque era uma
criançada para alimentar!
A loucura das piñatas
Nos aniversários da minha infância sempre tínhamos
piñatas, mas não dessas que se compram aqui no Chile (uma caixa com uma
cordinha para puxar embaixo).
Nossas piñatas eram como na Guatemala! Para quem não
sabe o que é, veja isso:
Minha mãe montava sozinha toda a piñata: ela fazia a
estrutura com cabos de fio de luz e dava forma à coisa (podia ser um bicho).
Depois, envolvia tudo em papel jornal e, finalmente,
decorava com papel de seda colorido.
Era uma farra na hora da brincadeira: cada criança
tinha os olhos vendados com uma fita e ganhava um cabo de vassoura para acertar
aquele boneco pendurado numa corda.
Piñata nível hard core
O nível de dificuldade era avançado porque minha mãe
ficava puxando o boneco prá lá e prá cá numa corda.
Então, a criatura tinha que ser boa de pontaria e de
adivinhação também!
No final, quando o felizardo (ou a felizarda) acertava a piñata,
tinha direito a dar umas pauladas no bicho. Até conseguir abrir um buraco por
onde saíam os doces e as balas.
De vez em quando, era necessária a ajuda de um adulto
para romper a piñata.
Sempre tinham que guardar umas balinhas para os que não
conseguiam pegar nenhum doce no meio daquele formigueiro de criança que se
formava no desespero para pegar os doces.
Outro tempos
Parece pouco civilizado, hoje, considerando que atualmente cada criança
ganha a sua sacolinha com uma lembrancinha e ninguém precisa se atirar no chão catando
doce.
Mas eram outros tempos e talvez, por isso, a gente seja
tão casca grossa já que a nossa geração aprendeu desde cedo a, literalmente, se
jogar quando queria alguma coisa.
Outro mimo da minha mãe em aniversários que jamais esqueço
foi no pré-escolar que celebrei em sala de aula.
Lembro que ela fez um copinho de cafezinho com
gelatina para cada um soprar uma velinha na hora do parabéns.
Esse aniversário foi um sucesso! Ganhei vários
presentes e todo mundo curtiu!
Por que eu lembro disso?
O fato de eu lembrar de tudo isso só me faz pensar que
minha amiga está super certa!
Esse carinho e dedicação jamais será apagado da nossa
memória afetiva, então, que lindo amiga!
Que lindo ver a sua entrega, seu amor, seu carinho!
Seu filho jamais vai se esquecer disso e esse dia já está para sempre nas memórias
dele.
Mesmo se no futuro não tiver mais Facebook, nem rede
social alguma, o sabor, o cheirinho, as cores, tudo o que ele viveu naquele dia
vai estar pra sempre no coração do seu filho.
Assim como guardo essas doces lembranças da minha mãe
na infância, tenho certeza de que essas demonstrações de afeto são o que a
gente tenta definir em palavras como o amor materno.
Aquele amor que não se mede, nem se repete, como nos versos do Cidade Negra. Um amor daqueles que nos inspira a escrever um texto como esse!
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