Minha teoria de tudo

Esse fim de semana assisti ao filme "A Teoria de Tudo" que conta a história do casal Jane Wilde Hawking e Stephen Hawking. 

Eu sei que vocês devem estar apavorados porque o filme é bem velhinho já (de 2014), mas a minha vida cinematográfica nunca mais foi a mesma depois da maternidade. 

Adorei o filme e super recomendo. Me emocionei em vários momentos porque ando bastante chorona. 

Esses tempos uma amiga comentou que eu estaria "melancólica". Não, Myla, já estou no estágio depressão mesmo. Fato! 

Um dos momentos mais emocionantes do filme é a cena final, quando o casal protagonista observa os três filhos brincando no jardim da família real britânica. Tá, mas, e daí, Bela?

Daí que tem sido um período bem difícil pra mim aqui no Chile, de muitos questionamentos, principalmente depois de passar bastante tempo no Brasil. 

Então, quando vi essa cena, fiquei pensando na minha filha e no que eu e o Cristian "estamos fazendo". No meio de tantos questionamentos, dúvidas, incertezas e inseguranças, juntos, estamos criando uma filha. 

A Gabi é um ser humano maravilhoso e é uma pessoa muito especial, por isso, tenho muito orgulho dela ter me escolhido como mãe. 

Talvez toda essa ansiedade que eu esteja sentindo seja, justamente, por não querer decepcionar a minha filha. Quero que ela tenha tudo. 

Mas que tudo? Amor, família, colo, carinho, aconchego, lar, querência. Coisas que me fazem muita falta aqui e que parece que quanto mais eu busco, maior é a frustração. 

Para mim, o choro foi uma catarse naquele momento porque fechei mais uma Gestalt (para quem não está familiarizado, a Terapia Gestalt trabalha com esse conceito). 

Sempre me pergunto: o que posso fazer para mudar isso? Sempre fui muito protagonista na minha vida, em todas as minhas escolhas.

Só que com a maternidade, isso mudou. Não é mais assim tão simples. Além disso, o fato de viver em outro país, te limita em milhares de questões. 

Você precisa aceitar, se acalmar e controlar a ansiedade porque as coisas acontecem no tempo delas e não no seu. 

Por isso, quando vi o filme fiquei pensando nisso: em quanto tempo leva para alguém elaborar uma super teoria física? Quanto tempo a gente leva para criar um filho e formar um ser humano? 

Muito tempo. Muito mesmo. 

Fiquei pensando que as coisas quase nunca deram certo na minha vida quando planejei demais e que a espontaneidade e minha capacidade de adaptação me salvaram em várias ocasiões. 

Lembrei disso porque essa semana nas lembranças daquele maldito Facebook chegou uma recordação da minha primeira tentativa de viver no Chile, em 2010. 

Foi logo depois do terremoto. Tava com a passagem comprada e matriculada num curso e aquele terremoto mudou tudo! 

Nada do que eu tinha planejado, com exceção do curso de Espanhol na universidade, deu muito certo. O que eu fiz? Arrumei as malas e voltei ao Brasil. 

Agora, não é mais tão simples assim. Você vai fazendo ajustes, concessões e adaptações para poder seguir em frente. 

Estou sempre ajustando a vela do meu barco para navegar a favor da correnteza, mas não tem sido nada fácil navegar nessas águas geladas do Pacífico. 

O que eu faço? Revejo minhas metas, traço novos planos e sonho com outros projetos. Enquanto minha cabeça ferve com ideias, vou criando a Gabi. 

Sou a melhor mãe do mundo? Longe disso, mas amo demais a minha filha. É por ela que derramo essas lágrimas ao pensar que, mesmo sem me dar conta, estou fazendo algo grande, incrível e importante. 

Que não se mede com um salário na conta no fim do mês, nem com um milhão de "curtidas". Hoje tenho um papel fundamental na vida de alguém. Esse alguém é a Gabi. 

Se vai dar certo, ninguém sabe. Mas sem tentar, fica bem difícil né? 



***

Comentários

  1. Bela, querida!! Meu pai costumava fazer essas analogias da vida com a navegação, como tu fez nesse texto.
    Então, deixo aqui meu carinho e uma frase do meu véio que era: Toca o barco. Seja como for, vai em frente, que a vida dá um jeito de resolver nossos problemas e inquietações.

    E como diria Paulinho da Viola (também sempre citado pelo meu pai): Faça como um velho marinheiro / Que durante o nevoeiro / Leva o barco devagar

    Beijo grande

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    1. Oh, Flavinha, que linda a maneira de ver a vida do teu pai. Era um grande cara mesmo! Que sorte vocês tiveram de se encontrar nessa vida. Obrigada pelo carinho! Beijo grande

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