Hoje, perdi uma tesoura
Quando eu era criança e estava na primeira série tive uma crise de choro, no meio da tarde, em plena sala de aula.
Tinha uns oito anos de idade, acho. Bateu uma enorme saudade da minha mãe e comecei a chorar. Não consegui segurar o choro.
A tia Mercedes, super carinhosa, me abraçou e perguntou por que eu estava chorando. Com vergonha, menti. Disse que tinha perdido minha tesoura.
Hoje, perdi uma tesoura. De noite, chorei. Cansada. Cheia de frustrações acumuladas dos últimos acontecimentos.
Semana passada, juntou tudo: menstruação, tensão no trabalho, demissão do ministro, renovação do meu contrato de aluguel. Uma paulada atrás da outra.
Até mesmo a mais otimista das criaturas – no caso, eu mesma – não conseguiu manter as boas expectativas em alta. Desabei.
Mas nem todos esses acontecimentos têm importância alguma no dia de hoje. Para mim, até que a vida mude isso, o dia 22 de agosto será sempre um dia triste.
O aniversário da morte do meu pai me pega de um jeito ou...