Mundinho pequeno
Morar numa cidade pequena é como colocar uma lente de aumento na alma do ser humano. Tudo aumenta, amplia, cresce, assombra e intimida. A gente percebe mais claramente a simplicidade das coisas, da vida e das pessoas. Vive intensamente momentos que passam batido na cidade grande. Aqui, plantei a minha primeira árvore. Ontem à noite, vi um céu estrelado, como há muito tempo não via. Mas não é só de romantismo e coisas boas que vivem as cidades pequenas. Domingo a cidade morre, literalmente. Nada fica aberto, nem os restaurantes. Cansei de contar a quantidade de vezes em que perguntaram: tu não é daqui né? Não é muito diferente do que ouvir em Brasília: você e gaúcha? Ou do que escutar em Santiago: Colombiana? Venezuelana? Ah, brasileña. Já me acostumei a ser uma estrangeira dentro do meu próprio país. Já fui estrangeira vivendo em outro país. Não consigo ter esse sentimento de pertencimento a nenhum lugar porque me sinto filha do vento e com direito sobre todo o espaço terre...