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Mostrando postagens de 2016

Passou voando

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Hoje é o último dia da mãe por aqui. Amanhã, ela volta para o Brasil. Passamos pouco tempo juntas dessa vez. Entendo que agora, ela já não vem mais para me ver e, sim, para estar com minha filha. Nesse sentido, ela vai sair daqui satisfeita porque elas passaram bastante tempo juntas. Conseguimos aproveitar bem. Ela chegou na véspera de um dos feriados mais importantes no Chile. A semana do 18 de setembro, dia da independência. Diferente do Brasil, é uma data muito popular com festas em todo o país. Por lei, as empresas são obrigadas a dar feriado aos funcionários nos dias 18 e 19. Escolhi essas datas para a visita da minha mãe justamente para poder curtir um pouquinho mais. As festas não são tão interessantes para os gaúchos porque é muito parecido com a celebração da Semana Farroupilha. Os parques de Santiago ficam tomados de “fondas” que são similares aos acampamentos do Parque Harmonia. Muito churrasco (asado), empanadas e “terremoto”, um drink preparado com

Onde estou?

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Faz muito tempo mesmo que eu não escrevo no blog. Pura falta de tempo. Entre trabalho, dentro e fora de casa, resta pouco tempo livre. E nesse tempo gosto de fazer absolutamente nada. Ainda que eu ame escrever, principalmente no blog, às vezes, falta assunto e, noutras, simplesmente, o principal: a inspiração. De vez em quando tenho ideias de assuntos e começo a elaborar o texto mentalmente, mas assim como as frases se formam na minha cabeça, elas se desfazem como as nuvens no céu. De repente, fica tudo sem forma e nenhum conteúdo… Provavelmente, por conta do cansaço. Cheguei num ponto em que a rotina me consome grande quantidade de energia. E quando tenho um tempinho fico tão cansada que não consigo fazer nada… É algo impressionante para quem sempre foi super ativa como eu. Não sei o que realmente me desgasta: se o metro cheio todos os dias, o mau humor das pessoas, o clima tenso no trabalho, dormir pouco de noite… Mas o fato é que me sinto bem cansada e, algumas v

No meio dos trilhos

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No meio dos trilhos do metrô tinha um corpo. Tinha um corpo no meio dos trilhos. (parafraseando Drummond) Hoje começou agosto, aquele mês danado que muita gente foge que nem o Diabo da cruz. E começou bem carregado diga-se de passagem. Uma pessoa se jogou nos trilhos do metrô de Santiago. Não sei se ela morreu ou não. O metro não fala disso abertamente. Eles apenas informam burocraticamente nas redes sociais que o serviço está suspenso porque uma pessoa se jogou nas vias. E assim começa agosto trazendo morte, caos e tentando me contaminar com a negatividade. Vi várias pessoas reclamando nas redes sociais. Não lamentando a morte de um ser humano, mas por que o metrô não tem um plano de emergência para não interromper o serviço quando isso acontece. Para minha surpresa, fiquei sabendo hoje que existe uma lei no Chile que penaliza as pessoas que tentam se suicidar em lugares públicos. O metrô, principalmente, cobra todos os gastos quando a pessoa sobrevive dep

Chá com bolo e afeto

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No início do ano, contei aqui no blog sobre o bebê da nossa turma de yoga que faleceu. O Vicente tinha nove meses e lutou bravamente por sua frágil e curta vida. Na época não consegui ir no velório, nem no enterro. Foi perto do aniversário da Gabi e fiquei com aquele sentimento de que estava faltando alguma coisa. Queria dar um abraço na Eli, a mãe do Vicente. Conversar com ela, escutá-la e de alguma maneira mostrar que ela não está sozinha, apesar da imensa solidão que deve sentir desde então. Consegui o contato dela com nossa instrutora de yoga e por várias semanas tentamos agendar um encontro. Foi difícil, mas esse fim de semana finalmente conseguimos. A Eli voltou a fazer faculdade para ocupar o tempo livre e a cabeça com outras coisas. Com as férias da faculdade, sobrou tempo e ela me escreveu. Chamei ela para ir na nossa casa. Descobrimos que moramos bem pertinho. Esperei por ela com chá e bolo de milho. Quando ela chegou, a Gabi estava mamando e

Tá tudo bem

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Há males que vêm para bem, assim diz um velho ditado. Você pode até não gostar de frases clichês, menos ainda de rimas baratas e frases de efeito. Mas, em algum momento, a vida vai te mostrar que a tal sabedoria popular tem seu valor. E que, se um dia, alguém pensou que essa frase tinha seu valor e resolveu registrá-la, pode ser que ela tenha um fundo de verdade. Nos últimos tempos, a vida me mostrou exatamente isso. A ruptura familiar e o afastamento físico e emocional provocado pela distância espacial e pelos últimos acontecimentos foram incrivelmente benéficos para fortalecer meus vínculos com o Chile. Isso mesmo! Hoje percebo que isso era necessário para ter outra perspectiva da minha vida aqui perto da montanha. Passado aquele período de tristeza pós-eventos depressivos familiares, a vida começou a sorrir de novo.   E as novidades vão preenchendo os dias e dando novo sentido às mudanças. Mudar é bom. Às vezes, a única maneira da gente perceber isso é sendo e

No alto da montanha

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O mês de maio passou voando e nem deu tempo de escrever sobre absolutamente nada aqui no blog! O novo trabalho mudou totalmente a dinâmica das nossas vidas. O meu aniversário, por exemplo, foi bem diferente do que eu tinha imaginado alguns meses atrás. Eu queria apenas sair para tomar um chopp com meu amor. Doce ilusão! Desde que comecei a trabalhar, vivemos um remake do filme “ O feitiço de Áquila ” e quase nunca nos encontramos. Eu saio de manhã cedo para trabalhar e meu amor fica todo o dia com a nossa Gabi. Quando eu chego, ela está me esperando com a minha sogra. Nos “vemos” de manhã cedo antes de eu sair, quando ele está visivelmente sonolento, e de madrugada, quando ele chega, e às vezes eu nem acordo de tão cansada! Muitas vezes, o Cristian chega bem na hora em que a Gabi está mamando de madrugada. É quando conseguimos nos ver. Sim, estamos no limite e fazendo um enorme esforço. A ideia não é seguir assim para o resto da vida. Estamos vendo uma pessoa para nos

4 anos de Chile, quase 40 de idade e um novo desafio!

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Essa semana comecei a trabalhar aqui no Chile. Meu primeiro emprego em Santiago depois de muito tempo parada! Parei muito antes da maternidade, em 2014, e estava vivendo apenas de trabalhos como autônoma, sem nenhum tipo de contrato. No início do ano, comecei a procurar anúncios de trabalho na internet. Me candidatei a vários sem grandes pretensões. As opções também eram limitadas porque eu procuro vagas como jornalista, ou com atividades relacionadas ao idioma que eu domino melhor, o português. Até que um dia encontrei uma vaga que combinava as duas coisas: jornalista com domínio do português. Beleza, pensei! E me candidatei à vaga. Fui chamada para a entrevista. Ok! Agendamos, consegui uma babá para cuidar da Gabi e já estava contando as horas com tudo confirmado. Só que aí a Gabi passou uma noite péssima! Com os dentinhos que estão nascendo incomodando. Não dormiu nada e amanheceu com um pouco de febre. Putz! Cancelei a entrevista e pedi para remarcar. O

Algo morreu em mim

A Gabi completou um ano de vida e eu nem escrevi nada. Faltou tempo e ânimo! Na véspera, faleceu um bebê da nossa turma de yoga. Impossível não me solidarizar com a dor dessa mãe! O Vicente não chegou a completar seis meses de vida. Ele nasceu com um problema no coração e não resistiu. Ela dividiu toda a sua dor no nosso grupo de mães. E aquilo me tocou tão fundo, muito forte. Que dor devastadora! Perder um ser querido sempre dói. A minha perda mais forte foi a do meu pai há quase 13 anos. Logo que ele morreu a família se uniu por conta de tanta dor e sofrimento. Hoje, já nos separamos de novo. As velhas desavenças voltaram a rondar a nossa família. Ou melhor, essa família. Todas as famílias têm dramas e problemas. E a minha não é diferente! Na minha viagem a Porto Alegre ficou evidente que novos muros se ergueram entre nós. Muito maiores que a cordilheira dos Andes. Paredes tão altas que são impossíveis de escalar. Há muitos anos moro longe deles e

Redes nem tão sociais

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Dia desses relatei no meu perfil do Facebook uma experiência bem inusitada que vivi nessa rede social. Foi numa página daqui do Chile. Era o fabricante do canguru que ocupamos para levar a Gabi. É uma das melhores marcas do mercado. O tal canguru custou bem carinho, mas fiz questão de comprar o melhor. Uso bastante e é muito cômodo. Não vou relatar tudo de novo para não cansar os já poucos leitores do blog (muitos deles já leram o post). Resumindo: postei uma foto e recebi várias criticas de uma patrulha de mães vigilantes. O fabricante tomou as minhas dores e chegaram a ligar para o meu celular para se desculpar! Fiquei impressionada não apenas com a atenção do fabricante, mas com as mães histéricas que nem me conheciam e começaram a me criticar nos comentários. Uma amiga, que também é mamãe, disse para eu fugir de foros na internet de mães. Ok! Mas acho que não são apenas esses espaços que estão contaminados com a negatividade. Nesse

Aférrate a la vida que todo va a salir bien!

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Essa semana vivi duas experiências de vida e morte bem intensas que me deixaram super pensativa e bem emotiva. A primeira delas foi com um casal de amigos de Brasília. Eles estavam esperando com muito carinho o nascimento do primeiro filho. Mas o Benício nasceu prematuro, com 30 semanas. Infelizmente, ele não resistiu a uma intervenção cirúrgica. Aquela notícia me deixou tão triste! Senti toda a dor dos meus amigos mesmo estando a quilômetros de distância. Passados alguns dias, nessa mesma semana, uma das mamães da nossa aula de yoga teve uma crise de choro durante uma prática. Depois, ela dividiu com a gente a sua angústia: o pequeno Vicente, de apenas três meses, esteve internado porque tem um problema no coração. Ele vai ser operado novamente na semana que vem e, obviamente, a mãe estava super fragilizada com a situação. A nossa instrutora, então, propôs uma meditação conjunta com um mantra de cura. Na yoga kundalini, cada mantra tem um significado e um objetiv